O “azar dos Távoras” de Jerónimo de Ataíde é que era casado com Mariana Bernarda de Távora, filha dos marqueses de Távora, uma linhagem que foi praticamente extinta por vontade do rei e ação do Marquê de Pombal.

Condes de Atouguia
O pelourinho e a igreja onde está o fundador dos Ataíde créditos: Andarilho

O mesmo sucedeu à linhagem dos Ataíde, do conde de Atouguia. Acabou e os bens foram confiscados pela Coroa. Nem o símbolo da família nobre resistiu à fúria do Marquês de Pombal.

Condes de Atouguia
créditos: Andarilho

Deu ordens para colocar no esquecimento a linhagem dos condes de Atouguia com picagem das várias armas heráldicas. O objetivo foi destruir a simbologia associada á família dos Ataíde em edifícios públicos no território que hoje corresponde ao concelho de Peniche.

O historiador Rui Venâncio, da Câmara de Peniche, dá como exemplo “as armas que estão na porta de armas da Fortaleza de Peniche, no pelourinho que está junto à igreja de S. Leonardo.

Condes de Atouguia
A picagem das armas num dos lados do túmulo no interior da igreja créditos: Andarilho

Também na própria igreja, no túmulo do fundador da linhagem, Álvaro Gonçalves de Ataíde cuja armas também estão picadas”.

Condes de Atouguia
Esqueceram-se de picar as armas no lado da sacristia créditos: Andarilho

Mas aqui, houve uma falha no cumprimento da ordem. “O túmulo tem as armas picadas numa face mas o pedreiro não picou na outra face, que dá para a sacristia, porque ele não devia saber que estava lá o escudo e, por isso, as armas do conde estão intactas.”

Condes de Atouguia
Esqueceram-se de picar as armas no lado da sacristia créditos: Andarilho

No pelourinho, que está no meio do largo, bem podemos procurar porque pouco ou nada se percebe do brasão. O capitel, no alto da coluna, está todo deformado.
O pelourinho é do seculo XVI, está classificado como de Interesse Público e a bonita igreja Matriz  de S. Leonardo, mesmo em frente, é Monumento Nacional.

Condes de Atouguia
créditos: Andarilho

O tumulo de Álvaro Gonçalves de Ataíde está na parede da igreja, no lado esquerdo, próximo do altar-mor e em cima tem algumas inscrições. É no outro lado, na sacristia que finalmente conseguimos ver um escudo desenhado em relevo.

Condes de Atouguia
Túmulo de Álvaro Gonçalves de Ataíde créditos: Andarilho

Foi com Álvaro Gonçalves de Ataíde que os Ataíde se tornaram uma das famílias mais ricas da nobreza e ficou senhor, entre outras terras, de Atouguia da Baleia. Na altura a localidade tinha um porto costeiro porque o que é hoje Peniche, era na altura uma ilha.

Segundo Rui Venâncio, Álvaro Gonçalves de Ataíde era muito próximo de D. João I e a ascensão da família acompanha toda a Dinastia de Avis. “Todos os descendentes acabam por exercer cargos importantes na hierarquia e na estrutura administrativa da Coroa nos seculos que se vão seguir.”

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No exterior da igreja encontramos uma cronologia dos Ataíde, contada em azulejos e com especial referência para o vice-rei da Índia. “Luís de Ataíde foi vice-rei da India por duas vezes no século XVI. Deixa também uma marca importante que foi o arranque da fortificação da região com o objetivo de defender o território da pirataria, em particular a francesa.”

Condes de Atouguia
créditos: Andarilho

Alguns anos depois da execução dos condes de Atouguia, em Belém, e após a morte de D. José, a filha do rei ainda tentou salvaguardar a honra da família, mas os Atougia nunca mais voltaram a ter o título nobre.

A picagem das armas do conde de Atouguia faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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