Foi neste local que o rei D. José sofreu um atentado em 1758. Três anos depois do tremor de terra de 1755.
Na altura, a família real vivia na Ajuda e o rei estaria a regressar de um encontro amoroso, extraconjugal, com uma mulher da família dos Távora. O rei escapou aos tiros mas não os Távoras. Foram posteriormente executados porque atribuíram à família a tentativa de homicídio do rei.
O processo judicial teve D. José como mandante e quem o organizou foi o Marquês de Pombal.
Num gesto de agradecimento, por ter escapado com vida ao atentado, o rei mandou construir esta igreja. As obras começaram em 1760.
O projeto é da autoria de um arquiteto italiano que, entretanto, faleceu, como também o rei e a igreja ia ficando sem memória.
O edifício é muito bonito e tem uma fantástica localização. Tem vista para o Tejo e está no meio de um terreno amplo, com algumas árvores, que não impedem a perceção da imponência da igreja.
Designadamente, a enorme cúpula e uma grande quantidade de janelas que deixam entrar luz natural.
O interior também é em calcário e, no lado direito, num pequeno compartimento, está uma urna castanha com os restos mortais do Marquês de Pombal. A urna está assente numa base de pedra. A fechadura e uma estrutura metálica que contorna a urna acentuam a rigidez da forma.
O elemento mais suave é a luz natural que entra por uma janela que está mesmo ao lado.
A trasladação foi em 1923 e, de certa forma, redime o ostracismo a que o Marquês de Pombal foi votado por D. Maria I, filha de D. José. Um dos motivos teria a ver com o desagrado da rainha pelo extermínio da linhagem dos Távoras.
O marquês, que chegou a ter alguns litígios com a Igreja, já para não falar dos Jesuítas, tem agora os restos mortais ao lado da nave central da igreja. O compartimento tem sempre a porta aberta e o marquês é o mais assíduo aos rituais religiosos.
Igreja da Memória do tiro ao rei faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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