Corria o ano de 2006 quando o Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado na Estação da Luz, no coração de São Paulo. O bonito edifício, uma importante estação ferroviária da metrópole, tornava-se, assim, numa "casa" para um património imaterial: a língua portuguesa.
"Valorizar a diversidade da língua portuguesa, celebrá-la como elemento fundamental e fundador da cultura e aproximá-la dos falantes do idioma em todo o mundo. Foi com esses objetivos que nasceu o Museu da Língua Portuguesa", pode ser lido no site da instituição.
O Museu da Língua Portuguesa ocupava três andares da Estação da Luz, numa área total de 4.333 metros quadrados, e representou um investimento de 14 milhões de euros. A sua construção reuniu especialistas em língua portuguesa e centenas de trabalhadores envolvidos nas obras de restauro e de adaptação do antigo prédio.
O museu foi construído a partir de uma parceria entre as fundações Roberto Marinho e Calouste Gulbenkian, além de empresas privadas e entidades governamentais. Participaram igualmente na construção a Fundação Luso-Brasileira e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
De museu mais visitado ao grande incêndio
Um ano após a inauguração, em março de 2007, o espaço conquista o título de museu mais visitado do Brasil, recebendo 580.000 visitantes.
Nos anos que se seguiram, muitos mais foram à Estação da Luz descobrir as riquezas da língua portuguesa em exposições dedicadas a grandes escritores, como Clarice Lispector, Machado de Assis, Cora Coralina, Fernando Pessoa, Oswald de Andrade, Jorge Amado, Rubem Braga, Guimarães Rosa, Agustina Bessa-Luís e Gilberto Freyre.
O museu contava também com uma exposição permanente que "destacava a língua portuguesa como forma de expressão de uma cultura rica e diversa, capaz de unificar um país do tamanho do Brasil".
Em quase uma década de funcionamento, o Museu da Língua Portuguesa recebeu perto de 4 milhões de visitantes. Até que em dezembro de 2015 um incêndio de grandes dimensões destruiu o espaço físico do museu.
Após o incêndio, o Governo do Estado de São Paulo e a Fundação Roberto Marinho deram início a uma articulação com a iniciativa privada, para apoiar a reconstrução, firmando patrocínios com a EDP Brasil, Grupo Globo e o Grupo Itaú.
Atividade permanente e reconstrução
Uma vez que o acervo do museu é, maoritariamente, conteúdo audiovisual, a instituição continuou em atividade, mesmo sem espaço fixo, através de programas educativos, exposições itinerantes, sendo que algumas passaram por Portugal, além de atividade constante online.
As obras de reconstrução já começaram e o museu promete voltar mais moderno e atrativo. No site, há uma cronologia que mostra a evolução das obras de reconstrução do espaço, que tem previsão de abertura ainda no primeiro semestre de 2020.
Quem sabe numa próxima visita a São Paulo já seja possível voltar a visitar este espaço que ajuda a promover o português? Até lá, pode seguir o Museu da Língua Portuguesa através do site e das redes sociais.
Dia Mundial da Língua Portuguesa
O português é uma língua global, falada por mais de 260 milhões de pessoas, o que corresponde a 3,7% da população mundial.
É a língua oficial dos nove países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) e Macau, bem como língua de trabalho ou oficial de um conjunto de organizações internacionais como a União Europeia, União Africana ou o Mercosul.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) declarou, em novembro do ano passado, o dia 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa, mediante proposta de todos os países lusófonos apoiada por mais 24 Estados, incluindo países como a Argentina, Chile, Geórgia, Luxemburgo ou Uruguai.
Comentários