Se vocês meditam ou estão interessados em começar a meditar, perceber como essa prática nasceu e como difere nos diferentes cantos do mundo pode ser interessante. Quer escolham seguir uma meditação guiada no smartphone ou apenas sentar num lugar calmo com os olhos fechados por dez minutos, ter esse contexto pode ajudar a melhorar a sua prática e a encontrar um significado mais profundo para integrar uma nova rotina na nossa vida.

Meditação Transcendental

As raízes da Meditação Transcendental estão na tradição Védica da Índia, que remonta a milhares de anos. É o coração do sistema de Yoga e uma parte importante do Ayurveda — o sistema de saúde natural e desenvolvimento pessoal mais antigo do mundo.

Transformou-se, porém, numa das técnicas mais amplamente divulgadas e praticadas no mundo em meados da década de 1950, pelas mãos de um indiano chamado Maharishi Mahesh Yogi que divulgou este tipo específico de meditação que integrava mantras. A meditação do mantra envolve a repetição de alguma palavra ou som para ajudar a focar a mente. Habitualmente é praticada com a pessoa sentada confortavelmente e com os olhos fechados, por 20 minutos, duas vezes por dia. É usada para ajudar a aliviar o stress, a ansiedade, a fadiga e aumentar o estado de alerta da mente e do corpo.

Repetir a palavra ou o som por um determinado número de vezes ou por um período de tempo específico, ajuda o mantra a continuar por conta própria, sem que tenhamos de o dizer conscientemente.

O foco está na vibração da palavra (ou do som), por isso é importante emiti-la, corretamente. Algumas pessoas que praticam meditação transcendental acreditam que a escolha da palavra é completamente irrelevante, uma vez que a meditação não tem nada a ver com o seu significado.

Meditação
créditos: Pixabay

Meditação Taoísta

A meditação taoísta vem do taoísmo, que é uma religião e filosofia chinesa que remonta aos tempos de Lao Tzu. A prática consiste em viver em harmonia com a natureza. O objetivo é acalmar o corpo e a mente, unificar corpo e espírito, encontrar paz interior e harmonia.

Ao contrário da ioga e de outros tipos de técnicas de meditação que se concentram em posturas específicas ou certos sentimentos, o objetivo da meditação taoísta é ajudar as pessoas a conectarem-se ainda mais com o mundo em seu redor.

Na tradição taoísta, as práticas de meditação tratam de libertar sistematicamente tudo dentro de nós que nos impede de alcançar o nosso potencial humano e de experimentar a vida que nós realmente queremos viver. No “método da água”, tenta-se cultivar o “caminho da água”, desenvolvendo habilidades mente-corpo para ceder e se fundir com todas as formas de mudança — a única constante na vida.

As práticas de meditação taoísta começam com o que é conhecido como os três ajustes ou os três regulamentos. Os três ajustes são:

  1. A mente deve se concentrar em algo.
  2. O corpo deve ficar profundamente relaxado.
  3. A respiração deve-se tornar lenta, longa, suave e uniforme.

Os três ajustes são interdependentes. Conforme a mente direciona o corpo para relaxar, a respiração fica mais lenta. Se a respiração ficar mais lenta, o corpo relaxará. Quando o corpo está relaxado, a mente pode se concentrar com mais eficiência. Este é o primeiro passo nas meditações taoístas. Dominar estas etapas pode demorar um pouco.

Monge budista na Tailândia
créditos: Pixabay

Meditação Zen

Embora muitas vezes a meditação Zen seja associada ao Japão, Bodhidharma, um monge indiano, é amplamente visto como o fundador do Budismo Zen — uma escola de pensamento religioso introduzido na China no século V.

A partir da China esta prática espalhou-se pela Coreia e em seguida, para o Japão. No Ocidente, a nossa ideia de meditação Zen vem principalmente de Dogen Zenji, um mestre zen-budista japonês nascido em Quioto que fundou a escola Soto Zen no Japão.

A meditação Zen é praticada sentando-se de pernas cruzadas no chão ou numa almofada. Mais especificamente, na posição de lótus, que tem os tornozelos apoiados nas coxas opostas. É importante manter as costas retas e os olhos voltados para o chão. O praticante pode se concentrar em inspirar e expirar profundamente ou pode se concentrar em nada em particular.

Essa meditação sentada pode parecer fácil, mas qualquer pessoa que já meditou sabe como pode ser difícil ficar quieto por cinco minutos, quanto mais por uma hora (ou mais). No início, é provável que se experimente sensações de desconforto físico (e mental), tédio e sono, mas a prática continuada, acredita-se, acaba por se estender, com benefícios para o corpo e mente, a todas as atividades da vida, seja comer, lavar pratos ou caminhar.

Meditação Budista

Na Tailândia, samatha e vipassana (dois elementos da meditação budista) são as técnicas mais comuns. Durante o samatha, o foco é alcançar a calma e a concentração. Embora existam muitas maneiras de fazer isso, a mais comum é anapanasati, que envolve prestar atenção à respiração. O objetivo de vipassana é alcançar a plena atenção por meio da auto-observação. Para fazer isso, as pessoas treinam para estar cientes das ações do seu corpo (como o movimento dos seus pés ao caminhar) bem como dos seus sentimentos, pensamentos e estado de espírito.

Para praticar vipassana, devemos sentar-nos eretos, com as pernas cruzadas e encontrar a concentração por meio da respiração. Conforme nos concentramos no movimento dos músculos do abdómen e na respiração, os nossos pensamentos passam a ser simplesmente "ruído de fundo".

Monge budista a meditar
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Meditação Mindfulness

Mindfulness é uma prática que tem origem no hinduísmo e no budismo, mas que só se tornou popular no Ocidente quando, na década de 70 do século passado, o americano John Kabat-Zinn publicou um programa de mindfulness na Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts.

Kabat-Zinn foi talvez o primeiro a trazer o conceito de mindfulness para fora do contexto religioso. Com o seu trabalho ele destacou a atenção plena como uma prática positiva para a saúde mental.

Para praticar a meditação da atenção plena, devemos concentrar-nos no momento presente e ganhar consciência e aceitação dos nossos pensamentos e emoções sem julgá-los.
A meditação mindfulness é o processo de estar totalmente presente. Significa estar ciente de onde estamos do que estamos a fazer, sem ser excessivamente reativos ao que está a acontecer ao nosso redor.

A meditação consciente pode ser feita em qualquer lugar. Algumas pessoas preferem sentar-se num lugar tranquilo, fechar os olhos e concentrar-se na respiração, mas nada impede que não se opte por praticar o mindfulness em qualquer momento do dia, inclusivamente quando estamos a ir para o trabalho ou a fazer tarefas domésticas.

Meditação Metta (Meditação da Bondade Amorosa)

A meditação da bondade amorosa também conhecida como meditação Metta, é um tipo de meditação budista que veio das linhagens theravada e tibetana e tem como foco principal a empatia com os outros e o sentimento de emoções positivas para demonstrar compaixão. É a prática de dirigir desejos de boa sorte aos outros e a si próprio.

Para praticar este tipo de meditação, devemos imaginar que estamos a enviar “bondade amorosa” para nós mesmos, para um bom amigo, para um desconhecido, para uma pessoa difícil e, finalmente, para todo o universo.

Meditação
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Normalmente aqueles que a praticam, sentam-se numa posição confortável e relaxada e recitam palavras e frases específicas destinadas a evocar sentimentos calorosos. Depois de algumas respirações profundas, devemos repetir as palavras e frases escolhidas, lenta e continuamente: “Que eu seja feliz”; “Que eu fique bem”; “Que eu esteja seguro”; “Que eu esteja em paz e à vontade”.

Depois de um período direcionando essa bondade amorosa para consigo próprio, podemos começar a imaginar um membro da família ou um amigo que nos ajudou, e repetir tudo novamente, desta vez substituindo "eu" por “tu”.

Ao continuar a meditação, os praticantes também são incentivados a visualizar as pessoas com as quais têm dificuldades de relacionamento.

Finalmente, deve-se terminar a meditação com o mantra universal: "Que todos os seres em todos os lugares sejam felizes."

Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World

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