O jipe para subitamente e o John diz-nos enigmaticamente: preparem-se. Acho que vamos assistir a algo importante. Ainda pensei em dizer-lhe: you know nothing John Snow… mas o John sabe. Já anda nisto há muitos anos e sabe ler como poucos os sinais da savana. Sabe ler o olhar assustado das girafas, o esvoaçar nervoso dos pássaros e consegue sentir que o milenar ciclo da vida vai decorrer ali perante os nossos olhos.
Ao contrário da maioria das pessoas não fazia questão nenhuma de assistir a uma “kill”, como se diz na gíria da savana. Mas a natureza não quer saber de vontades e lá tive de ser testemunha ocular da vitória da leoa, que corria pelo almoço, sobre a pobre e ainda jovem girafa que não conseguiu correr o suficiente pela vida.
Este foi apenas um dos muitos momentos de cortar a respiração vividos no Masai Mara. Vimos os “big five”, assistimos ao acasalamento de leões, aos banhos de sol de crocodilos, aos banhos de água de hipopótamos e a lutas entre búfalos. Tudo sem grande esforço tal a abundância de vida selvagem. E aqui fica um conselho: se só conseguirem visitar uma reserva natural africana é esta que devem mesmo visitar.
Já tinha estado há alguns anos no Kruger Parque, na África do Sul, e não me esqueço de ter ficado um pouco dececionada. Tinha animais, claro que sim, mas a aparência da savana não tinha muito a ver com as imagens e programas de vida animal com que alimentei os sonhos ao longo dos anos. Faltava a sensação de infinito pontilhado de pequenas acácias rasteiras. Mas o Mara, como os locais lhe chamam carinhosamente, é tudo o que se imagina que uma savana é e não admira que o filme Rei Leão tenha sido inspirado nos 1510 Km2 desta reserva nacional em particular.
Não sei se as fotos que se seguem conseguem transmitir em plenitude a beleza do Masai Mara mas a mim, ao olhar para elas, até o cheiro e o calor de África consigo sentir.
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Artigo originalmente publicado no blogue Mundo Magno
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