Imagem: Travellight
Conhecido como Rei Tut ou o Rei Menino, o faraó Tutankhamon tinha apenas 8 ou 9 anos quando se tornou rei e o seu curto reinado talvez tivesse ficado para sempre esquecido debaixo das areias do deserto, não fosse a descoberta, em 1922, do seu túmulo intocado que despertou o interesse e a fantasia de pessoas por todo o mundo, dando até origem a uma terrível maldição — a maldição do faraó.
O reinado do jovem rei só durou 9 anos e a causa da sua morte continua objeto de debate. Durante muito tempo pensou-se que ele poderia ter sido assassinado com um golpe na cabeça, mas raios-x e uma tomografia computorizada refutaram a tese e o mistério permanece. O pouco tempo de vida porém, parece explicar o motivo pelo qual o seu túmulo é tão pequeno e relativamente simples quando comparado com os de outros faraós.
A tumba de Tutankhamon fica no Vale dos Reis, na margem oeste do rio Nilo e tornou-se tão famosa porque, por sorte, escapou aos saques dos ladrões que durante séculos pilharam todos os outros túmulos conhecidos da região e foi encontrada notavelmente intacta, com quatro salas e milhares de objetos.
Conta a história que o arqueólogo britânico Carter e a sua equipa estavam no Vale dos Reis à procura precisamente da última morada de Tutankhamon quando descobriram um degrau que levava a uma tumba desconhecida e começaram a escavar. Descobriram que a base da escada estava selada, mas a tumba tinha sido arrombada duas vezes e tinha sido remendada com gesso. Os saques, parece, ocorreram logo após o enterro, cerca de 3.000 anos antes da descoberta de Carter, mas os ladrões roubaram apenas objetos menores, como colares.
Na primeira sala que abriu, chamada de antecâmara, Carter deparou-se logo com muitos itens preciosos, dispostos de forma desarrumada, provavelmente reempilhados às pressas pelos funcionários que restauraram a tumba após os roubos mal sucedidos, mas a grandeza, riqueza e beleza do que ali se revelou ultrapassou todas as expectativas. Assim que a névoa se dissipou, Carter pôde ver iluminados pela luz da sua lanterna os muitos “animais estranhos, estátuas e ouro – por toda parte o brilho do ouro”.
Hoje, todos esses tesouros estão guardados no Museu do Cairo e quando visitamos a tumba apenas podemos ver as pequenas salas, quatro no total — a antecâmara, anexo, tesouraria e câmara funerária — decoradas com bonitos hieróglifos e uma surpresa: o próprio faraó!
A múmia do menino rei permanece na tumba porque ao descobrir e escavar o túmulo, Howard Carter causou um pequeno dano acidental que a impede de ser removida para o Cairo sob pena de ficar danificada para sempre.
Por isso, ali está ela — a múmia do faraó — despojada do seu sarcófago de pedra e dos seus três caixões (aninhados um dentro do outro como bonecas russas), inclusive do último que é feito de ouro maciço… Não me admira que ela esteja zangada e disposta a lançar maldições depois de ter sido despojada de toda a sua riqueza e conforto.
A maldição
Os rumores sobre a dita “maldição do faraó” surgiram quando Lord Carnarvon (o homem que financiava as escavações arqueológicas de Howard Carter) morreu de uma picada de mosquito venenoso apenas dois meses depois de presidir à cerimónia oficial de abertura da câmara funerária de Tutankhamon e intensificaram-se com as mortes ainda mais inesperadas e precoces de muitos outros associados a esta escavação.
Soa assustador, certo?
Bom, não sei se de lá para cá a múmia do faraó acalmou e aceitou a sua nova situação, afinal, Tutankhamon transformou-se numa estrela mundial, mas a verdade é que a maioria das pessoas que visitam a tumba ou lá trabalham hoje, vivem longas vidas. Eu mesmo, já visitei duas vezes e ainda estou aqui.
Brincadeiras à parte, a descoberta deste túmulo mudou o destino do legado de Tutankhamon e impactou significativamente a egiptologia, pois a natureza bem preservada da sua tumba permitiu aos arqueólogos aprender muito mais sobre esta antiga cultura.
Dia 4 de novembro comemora-se o centenário da descoberta do túmulo de Tutankhamon e a data vai ser assinalada com uma exposição na Biblioteca Nacional, em Lisboa. Não percam se tiverem curiosidade de saber mais sobre o rei menino.
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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