A primeira governante feminina importante, conhecida na história, viveu mil anos depois das pirâmides terem sido construídas e dezassete séculos depois dos egípcios começarem a escrever em hieróglifos. Ela reinou sobre o Egito por duas décadas (de 1473 a 1458 a.C.) e embora seja muito menos conhecida para o público moderno do que uma das suas sucessoras, a famosa Cleópatra, as realizações de Hatshepsut foram muito mais significativas.
Governando primeiro como regente, depois como co-governante com o seu sobrinho Tutmés III, Hatshepsut desfrutou de um reinado relativamente pacífico durante o qual ela restaurou o comércio do Egito com a Ásia ocidental, com a África Oriental e com as ilhas do Mar Egeu.
A prosperidade económica que daqui resultou refletiu-se na arte da época, caracterizada por notáveis inovações em escultura e artes decorativas e produziu maravilhas arquitetónicas como o seu templo mortuário em Deir el-Bahri.
Por razões que ainda não são claras, vinte anos após a morte de Hatshepsut, o seu sobrinho mandou destruir as suas estátuas e apagar o seu nome e imagem de todos os monumentos. Apesar dessa destruição deliberada, a memória de uma governante feminina persistiu por mais de mil anos e a sua vida foi bem documentada, incluindo a sua relação de trabalho (e amorosa?) com o arquiteto Senenmut.
Mesmo quem não conhece a história do Antigo Egito, não pode deixar de ficar impressionado pela grandiosidade do projeto de construção do Templo Mortuário de Hatshepsut. A arquitetura só por si já vale a visita!
Todo o complexo foi construído usando o mesmo material das montanhas que o circundam, por isso, mistura-se perfeitamente com a paisagem natural, parecendo “sair de dentro” dela. Sob o sol escaldante do meio dia, a estrutura colossal quase parece uma miragem.
De longe, as linhas limpas e o aspeto minimalista da construção fazem lembrar um edifício moderno. Mas, à medida que nos aproximamos, as enormes esculturas de arenito emergem e a história do templo rapidamente ganha vida.
Diz-se que no seu apogeu, jardins verdejantes e lagoas artificiais cercavam o templo e a majestosa entrada estava alinhada com esfinges para guiar os visitantes. Hoje, não conseguimos ver nada disso mas a rampa de entrada com 100 metros ainda nos impressiona à medida que subimos os degraus e chegamos aos vastos pátios, cada um do tamanho de dois campos de futebol.
Os templos mortuários eram para os antigos egípcios um local de culto onde sacerdotes realizavam ritos diários e faziam oferendas ao espírito protetor do monarca, por isso, o templo funerário que Hatshepsut encomendou contém também capelas ou santuários aos deuses Anubis e Hathor, assim como uma câmara de adoração real e um santuário para Amon-Ra que podemos descobrir durante a visita.
A capela de Anubis inclui pinturas do deus e Hatshepsut; a capela de Hathor, deusa do amor, música, beleza, fertilidade e protetora das mulheres, reverencia o poder da faraó feminina; e no santuário de Amon-Ra, o deus do sol e do ar, que Hatshepsut acreditava ser seu pai espiritual, destacam-se uma bonita entrada de granito vermelho e duas pinturas bem preservadas.
Tentaram apagar Hatshepsut da História, mas não conseguiram e o seu Templo Mortuário é a melhor prova disso. O legado e influência da rainha faraó como governante do Egito está aqui imortalizado e assim ficará, certamente, por muito tempo.
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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