Durante muito tempo, pouco se soube ao certo sobre quem ergueu a Esfinge, quando o fez, o que ela representava exatamente e como se relacionava com os monumentos faraónicos próximos. O curioso é que existem centenas de túmulos em Gizé com inscrições hieroglíficas que datam de cerca de 4.500 anos, mas nenhum menciona a estátua. Ninguém sabe sequer o seu nome original —“Esfinge”— como agora é chamada, diz respeito ao leão com cabeça humana da mitologia grega antiga, mas este termo apenas entrou em uso cerca de 2.000 anos após a construção da estátua.

Felizmente, o trabalho do egiptólogo americano Mark Lehner, tem, nos últimos anos, dado resposta a algumas destas questões.

Lehner descobriu, por exemplo, que a Esfinge não foi montada peça por peça, mas antes foi esculpida de uma única rocha de calcário. É pouco falado, mas a  tem o seu próprio templo (que podemos visitar), localizado a curta distância deste incrível monólito, e outra das interessantes descobertas de Lehner e dos seus colaboradores, foi que as gigantescas pedras calcárias usadas ​​para construir a parede do templo vieram de uma vala escavada em redor da Esfinge. Aparentemente, os trabalhadores, usando cordas e trenós de madeira, retiraram os blocos para construir o templo ao mesmo tempo que a Esfinge era esculpida na rocha.

Esfinge
Esfinge

O rosto da Esfinge, embora mais bem preservado do que a maioria da estátua, foi castigado por séculos de intempéries e vandalismo. Em 1402, um historiador árabe relatou que um fanático sufi o havia desfigurado. No entanto, há pistas sobre como era o rosto no seu auge. Escavações arqueológicas no início do século XIX encontraram pedaços da sua barba de pedra esculpida e um emblema de cobra real que estaria no seu toucado. Resíduos de pigmento vermelho ainda são visíveis no rosto, o que levou Lehner e outros pesquisadores a concluir que, em algum momento, todo o rosto da Esfinge foi pintado de vermelho. Traços de tinta azul e amarela em outros lugares também sugerem que a Esfinge já foi decorada com essas cores.

Hoje é difícil imaginar que aquele monumento que tanto nos impressiona a vista, já foi, outrora, tão colorido e “berrante”, mas factos arqueológicos e históricos à parte, a verdade é que a Esfinge continua a fascinar com os seus mistérios quem tem a oportunidade de a olhar de perto e a prender-nos numa espécie de feitiço ao glorioso passado do Antigo Egito.

"A Grande Esfinge do Egipto sonha por este papel dentro...
Escrevo — e ela aparece-me através da minha mão transparente
E ao canto do papel erguem-se as pirâmides..." Fernando Pessoa

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