A Exposição Universal de 2030 será realizada em Riade, a capital saudita, que venceu por ampla margem suas rivais, Busan (na Coreia do Sul) e Roma, apesar das objeções de organizações de defesa dos direitos humanos.
A candidatura de Riade recebeu 119 votos, contra 29 para Busan e 17 para a capital italiana, numa assembleia do Bureau Internacional de Exposições (BIE) realizada em Paris.
A Expo Universal - com uma história que remonta à Grande Exposição de Londres de 1851 e passa pela de Paris para a qual foi construída a Torre Eiffel, sem esquecer a edição de 1998 em Lisboa - é uma vitrine que atrai milhões de visitantes com propostas para os desafios de cada época.
O resultado da votação é de primordial importância para o reino, cuja candidatura foi liderada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como MBS, que procura dar visibilidade ao seu país através da organização de grandes eventos.
A Arábia Saudita também aspira a receber o Campeonato Mundial de Futebol de 2034.
O ano desta Exposição Universal tem um valor particular para MBS, que impulsiona um ambicioso programa "Visão 2030" para diversificar a economia saudita e torná-la menos dependente do petróleo.
Estes megaeventos, vistos como "uma máquina para impulsionar o crescimento e reforçar a influência", contribuem para forjar uma "imagem política" internacional, afirma o sociólogo Patrick Le Galès, diretor de pesquisa da universidade francesa Sciences Po.
Direitos humanos
Prevista para ocorrer entre outubro de 2030 e março de 2031, a Expo será estruturada em torno do tema "A era da mudança: Juntos por um amanhã com visão de futuro", segundo os defensores da campanha saudita.
Porém, 15 ONGs de direitos humanos pediram na semana passada aos 179 países do BIE que não votassem em Riade, cujo "regime tem o costume de violar os direitos humanos fundamentais".
As críticas concentram-se na prisão de dissidentes e na ampla aplicação da pena de morte no reino.
A preocupação com o respeito dos direitos humanos durante o governo do príncipe herdeiro costuma ser simbolizada pelo assassinato, em 2018, do jornalista dissidente Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul.
Organizações como MENA Rights Group, Freedom House e Juntos contra a Pena de Morte (ECPM) escreveram uma carta aberta instando a BIE a não escolher Riade.
Ao fornecer esta plataforma global, "a comunidade internacional corre o risco de enviar uma mensagem tácita de que tais ações são aceitáveis", afirmava a carta.
A Arábia Saudita executou 112 pessoas entre janeiro e outubro deste ano, de acordo com a Amnistia Internacional.
O ministro saudita das Relações Exteriores, o príncipe Faisal bin Farhan, prometeu na sua apresentação final um "compromisso inabalável de colaborar com todas as nações para oferecer uma exposição construída pelo mundo para o mundo".
A última Exposição Universal ocorreu em 2020 em Dubai, Emirados Árabes Unidos, e a próxima está programada para 2025 em Osaka, Japão, sob o lema "Construindo a sociedade do futuro para as nossas vidas".
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