Os fornos do povo foram caindo em desuso nas últimas décadas, mas, segundo João da Silva Araújo, a União e Freguesias de Vilar de Vilar de Perdizes e Meixide resolveu recuperá-los e reabri-los, no período da Páscoa, para reativar uma tradição antiga.

À agência Lusa contou que, antigamente, os fornos coziam praticamente todos os dias, com exceção dos domingos. Ainda existem três fornos do povo em Vilar de Perdizes e um em Meixide.

Há cerca de 30 anos, acrescentou, “a gente começou a falhar, abriram padarias e os fornos deixaram de ser usados”.

Ex-emigrante em França, de onde regressou há três anos, o autarca disse que fez questão de os recuperar e reabrir logo no primeiro ano do seu mandato para a comunidade poder cozer ali o folar da Páscoa, uma bola de carnes que está em destaque na mesa dos transmontanos nesta época do ano.

“Só fazem o folar da Páscoa e depois ficam fechados durante todo o ano”, referiu.

Os preparativos já começaram na quarta-feira, dia em que os fornos se começaram a aquecer com a lenha e, hoje à tarde, são os idosos do Centro Paroquial de Vilar de Perdizes que começam a confeção. A lenha é disponibilizada pela autarquia.

Depois, na sexta-feira e no sábado, estão em funcionamento durante todo o dia para a comunidade que se organiza em grupos. A Páscoa celebra-se no domingo.

A adesão à iniciativa, segundo José da Silva Araújo, tem sido crescente de ano para ano, e os mais novos fazem questão de ir ajudar e aprender os segredos da confeção desta iguaria com os mais velhos.

Para além dos ovos, farinha, azeite e água, os folares levam carnes como presunto, linguiça, salpicão. O autarca explicou que há um folar feito sem carne para ser comido especificamente “no dia de jejum”, nesta altura em que há católicos que não comem carne nas sextas-feiras que antecedem a Páscoa.

No local estarão presentes voluntários para ajudar a meter os folares dentro do forno.

O presidente da união de freguesias salientou que o objetivo é preservar tradições e valorizar os costumes desta aldeia do norte do distrito de Vila Real, de onde é natural o padre António Fontes, conhecido pelo congresso de medicina popular de Vilar de Perdizes e pela noite das bruxas que acontece nas sextas-feiras 13 em Montalegre.

José da Silva Araújo exemplificou outras tradições que estão a ser recuperadas na freguesia como a “Serrada das velhas”, que consiste num grupo de homens, munido de uma serra comprida, visitar a meio da quaresma algumas casas da aldeia para cantar músicas satíricas às mulheres mais idosas da aldeia.