Quase um mês depois da reabertura das passagens fronteiriças com Espanha, em 01 de maio, depois de cinco meses encerradas, os empresários do comércio e restauração na localidade já sentem o impacto da procura por parte dos ‘vizinhos’ espanhóis, embora a afluência esteja ainda distante de outros tempos.

A agência Lusa ouviu comerciantes da cidade situada junto à foz do rio Guadiana, no distrito de Faro, e todos consideraram que os negócios têm vindo a melhorar bastante nas últimas semanas, mas com a faturação e a afluência de clientes a subir mais aos fins de semana.

Ana Rua, proprietária de uma loja de atoalhados no centro histórico de Vila Real de Santo António, relatou à Lusa que o movimento de clientela “já se faz sentir”, mas considerou que “ainda é cedo para quantificar” os resultados alcançados em valores ou percentagens.

Se antes das medidas tomadas para conter a pandemia de COVID-19 era aos dias de semana que se registava mais movimento - pelo menos nesta altura do ano -, agora, segundo a empresária, é aos fins de semana que o movimento mais se faz sentir, num cenário atualmente “bastante melhor”, devido à reabertura de fronteiras.

“Antigamente, em maio, o fim de semana era mais fraco do que os dias da semana, mas agora, desde que a fronteira abriu, os fins de semana têm sido bastante bons”, afirmou, acrescentando que, durante as restrições nas fronteiras, “só abria [a loja] de manhã, porque não valia a pena devido à falta de clientes”.

A mesma fonte observou que a cidade “depende dos visitantes, sobretudo espanhóis”, havendo artigos “que voltaram ao armazém porque não tiveram saída” no tempo em que o controlo policial na fronteira terrestre só autorizava a passagem de mercadorias e pessoas com causa justificada pela ponte internacional sobre o Guadiana, localizada cinco quilómetros a norte, em Castro Marim.

A Lusa falou também com Luís Camarada, empresário da restauração e hotelaria, que reconheceu ter “sentido uma melhoria, tanto na restauração como no alojamento, sobretudo ao fim de semana”, quando os negócios funcionam melhor devido a “uma maior afluência de espanhóis”.

“Ainda é escasso, limitámo-nos a um dia e meio de trabalho, são dois almoços [sábado e domingo] e um jantar [sábado], e uma ou duas dormidas, mas ainda não é suficiente, porque sofremos muito no inverno e viemos de um ano em que se acumularam prejuízos”, exemplificou.

Luís Camarada disse que os visitantes “ainda sentem muito receio” devido à COVID-19, embora ao fim de semana pareçam perder “um pouco esse receio” e ali se desloquem em família, mas frisou que os clientes que iam “ao dia de semana, sozinhos, para passear e fazer compras”, não têm ido.

José Guerreiro tem um quiosque junto à alfândega de Vila Real de Santo António e disse também que o “principal movimento se nota ao fim de semana”, reconhecendo, contudo, que ainda “não se veem espanhóis como antes”, sobretudo aos dias de semana.

“Vamos ver agora, com os hotéis a abrirem e com os barcos já a funcionar, se as coisas melhoram, mas o movimento ainda está longe do que era antes”, afirmou, numa referência à reabertura da travessia fluvial entre os dois lados da fronteira.

Francisco Santos, da empresa de transportes do Guadiana, explicou à Lusa que as ligações fluviais entre Ayamonte e Vila Real de Santo António “foram retomadas na quinta-feira, com apenas uma embarcação, que só leva passageiros”.

A embarcação que faz a travessia entre os dois países tem “capacidade para 500” passageiros, mas está a funcionar com “horários reduzidos”, porque “o movimento ainda não justifica fazer horários completos”.

A mesma fonte disse que a empresa está a fazer “um esforço” para conseguir “garantir o serviço, mesmo “com prejuízo”, porque a embarcação mais pequena, que habitualmente faz a travessia, “ainda aguarda a renovação da licença”, situação que impediu também a empresa de retomar o serviço logo no início de maio.

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