Foto: Yaroslav Muzychenko@Unsplash
Hong Kong é um dos últimos lugares do mundo a impor uma política de "covid zero" e onde toda e qualquer oposição passou a ser reprimida pelo governo chinês após as manifestações pró-democracia de 2019.
Neste contexto, muitos dos habitantes estão a optar por deixar este centro financeiro.
Desincentivados pelas longas quarentenas e por outras restrições às suas tripulações e passageiros, várias companhias aéreas pararam de prestar serviço para Hong Kong.
Desde dezembro, a cidade proibiu completamente os voos de oito países. Entre eles, estão França, Reino Unido, Canadá, Austrália e Estados Unidos.
De acordo com a Câmara Americana do Comércio, mais de 40% dos expatriados, cansados deste isolamento sem fim, querem deixar a cidade, e mais de 25% das empresas estrangeiras estão a considerar mudarem-se para outro país.
Desesperados para deixar Hong Kong com animais de estimação
Muitos dos habitantes de Hong Kong também querem emigrar.
Para Lee, um homem de Hong Kong prestes a mudar-se para o Reino Unido, as restrições também significavam que não poderia levar os seus queridos Teddy e Newman com ele.
Além dos poucos voos comerciais não terem mais lugares disponíveis, a maioria das companhias aéreas limita o número de animais que podem ser transportados em cada voo.
"É uma situação excepcional", diz Lee, que deu apenas o sobrenome à AFP.
"Se só fosse eu e a minha esposa a viajar, é claro que não recorreríamos a um jacto particular. Fazemos isto apenas pelos nossos gatos", explicou.
Em geral, reservado para os muito ricos, o aluguer de aviões privados tem interessado cada vez mais os donos de animais de estimação ansiosos para sair de Hong Kong, sem deixar os bichos para trás.
As suspensões de voos impostas pela cidade em dezembro deixaram entre 3.000 e 4.000 cães e gatos nas ruas, segundo estimativas da Pet Holidays, uma agência de viagens especializada no transporte de animais.
Um voo privado para um gato e para o seu dono custa, em média, 20.515 euros na Pet Holidays, mas o preço depende do tamanho do animal e do destino, diz Fanny Liang, consultora para migração animal da empresa.
A fundadora da companhia aérea privada Top Stars Air, Olga Radlynska, conta que, nas últimas semanas, recebeu dezenas de telefonemas de donos de animais de estimação que querem sair de Hong Kong com os mesmos.
"Sinto que as pessoas estão desesperadas para ir embora", afirma, acrescentando que "praticamente todos os voos fretados são apenas de ida".
A Top Stars Air, que cobra um mínimo de 17.496 euros por trajeto, já agendou cinco voos privados em fevereiro - para Londres, Singapura e Los Angeles - contra dois voos por mês, em média, no ano passado.
Enquanto isso, os donos de animais de estimação tentam reduzir os enormes custos, procurando em grupos do Facebook viajantes dispostos a partilhar o jacto.
"Alguém sabe da saída de um avião de Hong Kong para o Reino Unido no próximo mês? Estou a tentar transportar dois buldogues franceses para casa", escreveu uma utilizadora no dia 13 de janeiro, acrescentando o emoji de dedos cruzados.
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