Afinal, não é assim tão difícil fazer chocolate. Pelo menos, é o que parece quando observamos a fábrica da Vinte Vinte. As máquinas alinhadas e os funcionários concentrados em cada processo vão dando forma ao conteúdo que, depois, iremos provar em diversas tabletes. Ao comando das operações está Pedro Araújo, mestre de chocolate, responsável pelo desenvolvimento desta nova marca, que se divide em quatro gamas: Classic, Fusion, Cacau Intensity e Grand Cru.
Mas, como nem tudo o que parece é, basta escutar as explicações de Pedro para perceber que fazer chocolate é um processo muito complexo. A começar pela escolha da matéria-prima, algo que sempre apaixonou Pedro Araújo, conhecido no WOW como Doctor Bean (Doutor Fava).
A busca pelas melhores favas de cacau fez com que o mestre viajasse por vários países onde a planta cresce. Lugares que ficam entre as latitudes a 20 graus a Norte e a Sul da linha do Equador, daí surge o nome Vinte Vinte. Desde o México, onde o chocolate foi inventado, passando pela Nicarágua, Colômbia, até São Tomé e Príncipe, o primeiro país de África a começar o cultivo do cacau – levado pelos portugueses.
Frutos destas viagens são não só algumas das favas de cacau que podemos ver nos sacos à entrada da fábrica, mas também muitos dos conteúdos que podemos conhecer numa visita ao Museu do Chocolate.
Voltando ao processo de fabrico, somos recebidos por uma máquina de torra que num trabalho elaborado por um software vai torrar as favas no ponto ideal, de forma a não anular o sabor do cacau – algo que nem sempre acontece nos processos de fabrico industriais. E aí está uma das grandes diferenças do bean to bar para o chocolate produzido de forma industrial. É o cacau que dita o resultado final. Além disso, esta forma de produção controla as várias etapas, da origem do cacau até a embalagem da tablete.
Antes de serem torradas, as favas são fermentadas, secas e selecionadas; após a torra, são descascadas, moídas, conchadas e, finalmente, temperadas. Todas as fases cumprem vários critérios para que, no fim, a experiência do consumidor seja mais rica, para que num pequeno quadrado seja possível apreciar vários sabores e aromas.
É o que sentimos quando temos a oportunidade de experimentar os chocolates das gamas Classic, Cacau Intensity e Grand Cru. Sob as orientações de Pedro, vamos descortinando os diferentes ingredientes que compõem o chocolate, além do cacau, a presença do açúcar e do leite, as notas de fruta madura, cítricos, café, ou frutos secos. Sim, é possível sentir tudo isso num quadradinho de chocolate.
A gama Classic é produzida através de pasta de cacau e é, juntamente com a Fusion, a mais consensual. Isso quer dizer que pode agradar o paladar dos que estão habituados a consumir o chocolate que se compra nas grandes superfícies, sem esquecer os apreciadores de chocolate que procuram equilíbrio de sabores.
Já as gamas Cacau Intensity e Grand Cru representam, e muito bem, a denominação bean to bar, entrando para o grupo reduzido de marcas portuguesas neste mercado em evolução. Os consumidores estão mais conscientes dos produtos que consomem e o chocolate não é exceção. A Vinte Vinte pretende apresentar “a melhor qualidade ao preço mais acessível”, refere Pedro Araújo.
“São chocolates para colocar na boca e deixar derreter na língua. Os aromas do cacau e do terroir de origem vão sentir-se garantidamente”, salienta o mestre, que elege o Grand Cru como o seu preferido. Não só pelo sabor, mas também porque acompanhou todo o processo de criação deste chocolate, desde à colheita na quinta no México, à seleção das favas, até chegar a esta face visível que podemos adquirir, para já, nas lojas do WOW. No início de 2021, a marca vai expandir-se para pontos de venda em todo o país. Em 2022, o WOW pretende iniciar um plano de internacionalização da marca.
Comentários