Andava por Londres a vaguear sem qualquer rumo definido. Sem mapas para me guiar o caminho, sem horários a cumprir, quando fui surpreendida pelo Natural Kitchen London.
Regressava de uma visita ao mercado de Portobello Road e começou a chover. Naquele instante, não tive outra alternativa senão tentar abrigar-me. Decidi então que iria jantar por ali e esperar que a chuva parasse.
O Natural Kitchen London ficou-me na memória como um dos talhos/cafés/takeaways mais giros que já conheci (sim, tem estas valências todas e é também isso que o torna num espaço tão único).
Perante as circunstâncias, decidi mesmo entrar e deliciar-me. A loja do Natural Kitchen London estava dividida por secções mas era implícito o conceito fresco e biológico por todo o lado.
Pela forma como os vários funcionários arrumavam as coisas, percebi que estavam quase a fechar. Mas reparei também, que dentro do estabelecimento mais pessoas se encontravam na minha situação (refugiados da chuva). E deixei-me ficar.
Apesar do aspecto rústico e muito natural, diria que existia ali oferta capaz de agradar a todos: miúdos ou graúdos, defensores ferrenhos ou apenas simpatizantes deste tipo de comida.
A enorme vitrine à entrada tinha muita variedade de quiches, sopas, saladas, pastas… Era escolher e depois pagar ao peso.
Do outro lado, vi sandes já preparadas, bebidas quentes e frias, produtos lácteos. Pelo meio, uma imensidão de produtos cheios de bom aspecto (bolachas, cereais, compotas, enlatados). Mais ao fundo, o talho e algumas mesas espalhadas a convidar à degustação demorada. No andar de baixo existiam artigos de decoração, também para venda. E no andar de cima, o Green Cafe.
Conhecem aquela sensação de estar num ambiente tão simples, tão desprovido de extras mas carregadinho de boas energias? E aquele cheiro acolhedor a madeira, flores, café e outras coisas boas e fresquinhas? Pois era mesmo esse o ambiente e o cheiro daquela loja Natural Kitchen London.
Optei por me sentar um bocadinho numa das grandes mesas corridas de madeira à janela. Foi mesmo só um bocadinho, porque (apesar dos olhares meigos e compreensivos dos funcionários) os seus gestos não deixavam dúvidas: o horário de fecho já tinha sido ultrapassado.
Tive tempo ainda de me surpreender com uma jovem inglesa que tinha acabado de chegar de bicicleta e quis saber de onde eu era e outras perguntas da praxe. Estávamos as duas à espera que a chuva parasse e esta conversa de circunstância serviu de reconforto para ambas.
Entretanto os pingos da chuva abrandaram bastante. Ela pediu um saco daqueles grandes do lixo, fez um buraco para a cabeça e outros dois para os braços, protegeu-se com este impermeável improvisado, despediu-se de mim e saiu assim.
Eu pedi para embrulhar o que tinha pedido (com a conversa acabei por não começar a comer, nem sequer me lembrei de fotografar) e saí também.
E sim, o penne com legumes, o iogurte de aveia e o sumo natural que acabei por comer no quarto do hotel estavam simplesmente deliciosos.
Natural Kitchen London
Marylebone High Street 77/78, em Londres
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