Nota prévia:
- Os principais aeroportos suíços são os de Genève, Zurich e Basel. Vou começar o itinerário por Genève mas quem chegar a partir de outro aeroporto adapta os dias ao sítio de chegada.
- Não incluí nenhum dos famosos percursos suíços de comboio no itinerário porque, por serem muitos, será tratado num artigo à parte. Mas se quiserem fazer algum, sugeria o Glacier Express, o Bernina Express ou o Golden Pass Classic.
Dia 1
Genève visita-se em pouco tempo. As zonas mais bonitas são a beira lago com o famoso jet d’ eau e o jardim botânico. A catedral e a zona das organizações internacionais também são interessantes. Se visitarem no verão podem dar um saltinho à praia de Eaux-Vives. Sim, há muitas praias nos lagos da Suíça e, opinião polémica, eu sei, não ficam atrás das praias de mar noutros países.
Outra opção, é marcar com antecedência uma visita ao CERN. Ter em atenção que não permitem a entrada a menores de 12 anos.
De Genève a Lausanne há uma imensidão de vilas e pequenas aldeias dispersas à volta do lago Léman e quilómetros de vinhas. Todas essas localidades têm praia e muitas delas têm castelos e museus. Coppet, Nyon, Prangins, Saint-Prex e Morges são algumas das minhas favoritas.
Também é possível fazer passeios de barco a partir de quase todas as vila à volta do lago. A partir de Nyon é até possível visitar a aldeia francesa de Yvoire, só a 20 minutos de distância de barco.
Lausanne, capital do cantão Vaud, tem uma beira lago lindíssima e como é a cidade onde está instalado o comité olímpico é possível visitar o museu olímpico mesmo junto ao lago.
Se visitarem esta zona no inverno e não quiserem visitar as aldeias à volta do Lac Léman podem sempre optar por, a partir de Nyon, subirem, de carro ou comboio, até Saint-Cergue ou Givrine para dar um passeio pela neve. É uma das zonas mais bonitas e mais fáceis de aceder no inverno e há neve desde final de outubro até abril. Nesta zona existe o maior lago gelado da europa, o Lac de Joux. Não gela todos os anos mas se vierem de janeiro a março pesquisem para ver se está gelado. Se estiver, é um espetáculo imperdível.
De Lausanne continuam até Vevey (a cidade da sede da Nestlé) e Montreux, uma das capitais mundiais do jazz e a quem muitos famosos chamaram casa: Freddie Mercury, Vladimir Nabokov, Stavinsky, David Bowie, Charlie Chaplin, entre outros. Para além das vistas do lago emolduradas pelos Alpes, tem também o castelo mais bonito da Suíça, o Château de Chillon. Se tiverem Swiss Travel Pass a entrada no castelo é gratuita.
Dica: Se quiserem dar um saltinho à cidade de Genève e estiverem sem carro, no aeroporto, existem umas máquinas perto da zona de recolha de bagagens que dispensam bilhetes de comboio gratuitos até à cidade de Genève. Aproveitem que não há muita coisa grátis no país.
Se forem de carro podem estacionar no estacionamento subterrâneo “Mont Blanc” e daí visitar a cidade a pé.
Dia 2, 3 e 4
É dia de continuar viagem até Zermatt, a incontornável aldeia Suíça no sopé do Matterhorn. É turística, é previsível mas é imperdível. Zermatt consegue ser, sem grande esforço, um dos sítios mais bonitos da Suíça. É a paisagem adornada pelo Matterhorn, pelo Monte Rosa e um sem número de outras montanhas, é o enclave da pequena vila a que só se chega de comboio, são as centenas de quilómetros de trilhos pintalgados de lagos glaciares, é a mescla de turistas ricos com as suas roupas de marca a par com os montanhistas de arnês e piolet. Há um lugar para tudo e para todos em Zermatt.
Pelo caminho, vale a pena parar para ver o castelo de Aigle e tirar uma foto aos dois castelos de Sion. Já perto de Zermatt, fazendo um pequeno desvio chegam a Sass-Fee onde além das típicas aldeias de chalets suíços e campos verdejantes, no verão, e infindáveis pistas de ski, no inverno, há um glaciar muito bonito.
Zermatt é uma vila “car free”. Por isso, se estiverem de carro ou caravana vão ter de o deixar em Täsch (a aldeia com maior percentagem de portugueses na Suíça) num dos muitos estacionamentos aí existentes e subir de comboio ou numa das carrinhas coletivas com autorização para subir até Zermatt. Se estiverem de caravana há um parque de campismo logo a seguir à estação de comboios.
Se precisarem de alojamento fica muito mais barato dormir em Tasch e o mesmo se diga para comer.
Um dia é muito, muito, pouco para Zermatt. O mínimo dos mínimos são dois ou três e o ideal a vida inteira.
Se visitarem Zermatt no inverno tudo anda à volta do ski, no verão, das caminhadas.
Todas as vezes que vamos a Zermatt descobrimos uma nova caminhada favorita mas há algumas que não podem mesmo deixar de fazer. Cada uma delas leva sempre um dia a concluir.
- A caminhada dos 5 lagos (5 seenweg). Apesar de ter quase 10 quilómetros e demorar cerca de três horas a completar é muito agradável para fazer com crianças. Já o fizemos quando o nosso filho era bebé na cadeira e duas vezes com ele já a fazer o trilho pelo próprio pé. Para aceder ao início da caminhada é preciso apanhar um funicular até Sonnega e depois um teleférico até Blauherd. Para regressar já é só necessário o funicular de Sonnega.
- Gornergratt – Apanha-se um pequeno comboio logo à entrada de Zematt, em frente à estação principal, que em 30 minutos chega aos 3100 metros. Aí chegados, para além das vistas para glaciares e 29 montanhas com mais de 4000 metros, incluindo o Monte Rosa, têm o hotel a maior altitude na europa e, com uma caminhada de 20 minutos têm o lago Riffelsee e 2 minutos depois um segundo lago.
- O Matterhorn Glacier Trail – Começa aos 2900 metros e desce até aos 2500 (muito bom para fazer com crianças) e tem vistas do outro mundo ao longo dos seus 6,5 quilómetros. Vão ter de apanhar um teleférico na outra ponta da vila, o Zermatt-Furi, até Trockener Steg e a partir daí estão rapidamente num trilho com vistas para dois glaciares, o Furgg e o Theodu. O trilho acaba no Schwarzsee e dái podem descer durante mais duas horas até Zermatt ou apanhar um teleférico.
Dia 5
De Zermatt volta-se alguns quilómetros atrás até Bettmeralp. É aqui que se encontra o maior glaciar da Europa, o Aletsch, com os seus 23 quilómetros de comprimento e com vistas para 32 montanhas com mais de 4000 metros e que, com todo o mérito, faz parte da lista da Unesco.
A caminhada completa pelo glaciar são 14 quilómetros e leva 5/6 horas a concluir (mas dá para visitar só parte) e passa por outros glaciares para além do Aletsch, como o Grosses Gufer e o Fiescher.
Este sítio é uma visita imperdível. Não é todos os dias que se consegue estar tão perto de glaciares e, infelizmente, ao ritmo a que destruímos o planeta, já não temos muito tempo para os ver.
Dia 6
Por esta altura é hora de seguir para uma das estradas mais icónicas do mundo, o Furka Pass, a 2431 metros, que liga o cantão de Valais ao de Uri. A estrada só está aberta no verão e mesmo no verão é sempre melhor verificar se o pass está aberto. No inverno, os carros são encaminhados para o comboio até Realp (já nos aconteceu e é muito divertido fazer a viagem dentro do carro num comboio. As caravanas até 3500 quilos também cabem).
O Furka Paas ficou famoso em 1964 com a perseguição entre o Aston DB5 e o Mustang pela montanha no filme James Bond Goldfinger. A estrada no entanto já existe desde 1867 e foi construída por razões militares.
Uma das grandes atrações do Furka Pass é a visita ao glaciar Rhone (onde nasce o rio Rhone que passa depois por Genève e desagua no mediterrâneo), mesmo em frente ao famoso Hotel Belvedere, onde é até possível entrar numa gruta de gelo.
Depois do ponto mais alto do pass, já na descida, vão encontrar um parque de estacionamento, o parque Tätsch, para uma das caminhadas mais bonitas e exclusivas da Suíça, a caminhada para o Albert Heim Hütte. São 7 Km (2:30 horas) e um desnível de 500 metros até um refúgio, que tal como o nome indica, foi mandado construir pelo geólogo e especialista em glaciares de Zurique, Albert Heim. A caminhada está repleta de clichés suíços: montanhas, glaciares, paredes de escalada e pequenos riachos. É possível pernoitar no refúgio marcando com antecedência.
Se fizerem a viagem no Inverno podem passar este dia em Andermatt, que fica no final do Furka Pass, logo a seguir à estação de comboio onde os carros acabam a travessia de vagão, e a que também dá para aceder de carro pelo cantão de Uri. É uma estância de ski famosa no inverno mas no verão também é uma boa opção para caminhadas.
Dia 7
A Suíça central tem tanta coisa para ver que seria preciso um mês… mas não sendo possível despender tanto tempo, Stoos é uma boa introdução à zona. Para chegarem à aldeia vão ter de deixar o carro num parque de estacionamento e apanhar o comboio mais inclinado do mundo. A aldeia é muito bonita quer de inverno quer de verão, mas no verão há a possibilidade de fazer a caminhada panorâmica com vista para o lago de Luzerne e de Zug.
Em opção a Stoos podem ir a Sattel, que fica no mesmo cantão. Ou se tiverem começado o dia cedo pode ser que consigam visitar os dois. No Sattel têm uma das maiores pontes suspensas do mundo para além de várias caminhadas.
Sigam depois para visitar a cidade de Luzerne e dormir por aí ou até Zug, o cantão com os impostos mais baixos do país e com o maior número de residentes milionários.
Leia a segunda parte do roteiro
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