A Escócia foi um acidente nas nossas vidas, uma viagem que começou por ser um plano de substituição e acabaria por ser uma viagem memorável. É para quem procura sentir-se pequeno com a imponência das paisagens, para os que deixam que a natureza seja a protagonista de uma viagem.
Na Escócia podemos submergir no ambiente mágico de Edimburgo, uma cidade que nos faz prolongar aquilo que vimos no universo Harry Potter. Bonita de cima ou de baixo, a capital escocesa tem cafés e restaurantes bem taberneiros, de espírito alegre. A Escócia é um retrato em mosaico, mas de peças diferentes.
Nem a chuva atrapalhou, diria até que ajudou, pois as visitas assim o pediam: o castelo de Edimburgo, o cemitério Greyfriars Kirkyard (onde está enterrado o verdadeiro Tom Riddle), o Museum Context: Retailer of Harry Potter Merchandise ou a Victoria Street (rua que inspirou a Diagon Alley). Como já perceberam, o universo do feiticeiro criado por J.K. Rowling é um dos convites mais fortes para visitar esta cidade.
A verdadeira beleza, porém, está no caminho e no destino. As viagens de carro são do mais bonito que há, principalmente no outono. Em cada paragem - e são muitas - há um silêncio assoberbante que conquista, que dá vontade de ficar mais tempo fora do carro, ou no interior, com a cara perto do vidro embaciado, devido ao calor produzido por muitos elementos da família.
Por sorte, as paragens correspondem - por vezes superam - o caminho. Glencoe foi um dos ponto alto da viagem (seria que foi mesmo O ponto alto?). Aqui, bem no coração das Highlands, foi filmado parte do filme 007: Skyfall. Paisagens cortantes, numa mistura em que castanho, amarelo e verde estão em disputa. Sorte é que estão por todo lado, isto se visitarmos o país em outubro.
A viagem seguiu para a Ilha de Skye, mas antes duas paragens em Fort William e no Viaduto de Glenfinnan, mais um ponto obrigatório para os fãs do universo dos Potterheads (que serve igualmente para os menos apreciadores). Tal como na obra de ficção, é um momento de pura ilusão.
A Ilha de Skye é tudo aquilo que aparece exposto num banco de imagens depois de consulta na internet - à exclusão das Fairy Pools - com destaque para o Castelo de Dunvegan, The Fairy Glen, Old Man of The Storr, Quiraing, Neist Point ou Kilt Rock.
Por favor, estacionem o carro em Portree e Uig, entranhem-se no dia-a-dia de uma vila piscatória de espírito descontraído. Comam sopa de lentilhas e torradas com manteiga e orégãos. Bebam whisky ou gin. Parem no The Merchant Bar.
No regresso, antes de chegar a Inverness, a grande cidade que toca o Lago Ness, entramos no ambiente medieval do castelo Eilean Donan, ao pôr do sol. A Escócia é sem dúvida uma viagem de emoções, ainda mais quando se viaja em família. Eramos quatro.
Ao contrário de Edimburgo, Inverness não conseguiu conquistar. Tem os seus encantos, é verdade, mas a bagagem de de memórias parecia insuperável. Mesmo assim, à volta do lago mais famoso do mundo, existem lugares que são quadros de pintura, um filme ou um livro. É ser transportado para algo encantado e não se sabe bem de onde vem. Não acredita? Veja na fotogaleria abaixo.
Curioso é ler agora o roteiro da Islândia, de 2019, e perceber como as viagens vão mexendo com as pessoas na dissolução do tempo. Sabem quando vos dizem que visitamos o sítio certo na altura errada? Foi isso que aconteceu em relação à Islândia. Ao contrário da Escócia, foi amor ao primeiro regresso.
Há algo de indizível nestas viagens para pessoas mais introspetivas.
Para terminar, e se chegou até aqui a perguntar se o título é uma referência a um livro de Elena Ferrante, acertou. Porquê? Tal como a escritora italiana (?), a Escócia é um enigma magnético.
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