Quantas mais vezes olhávamos para as fotografias da Islândia na internet, mais vontade tínhamos de a visitar. Quantas mais vezes ouvíamos dizer que tinha sido a viagem de uma vida para uns, menos tempo sabíamos que faltava para a conhecer. Fomos, estivemos lá sete dias, levamos uma criança de dois anos e trouxemos de lá muitas histórias para contar.
Preparação
Os voos desde o Porto até Reiquiavique, capital da Islândia, foram comprados com três meses de antecedência à companhia Easyjet por 600€, para três pessoas e com mala no porão, com escala em Genebra, Suíça.
O aluguer de carro também foi reservado com a mesma antecedência, através do site local Northbound, onde escolhemos o SUV Dacia Duster 4x4, através da empresa Lava. Para o tempo da nossa viagem, o preço foi de 320€ (270€ do carro e 50€ da cadeirinha de bebé).
Quanto a hotéis, foram sendo reservados nos meses que antecederam a viagem. A maior parte deles ficam situados na zona sul da Islândia. Abaixo estão os nomes e os preços.
Room With A View Apartment Hotel, Reiquiavique (105€, uma noite)
Litli Geysir Hotel, Geysir (130€, uma noite)
Fosshotel Glacier Lagoon, zona das Lagos Glaciares, (332€, duas noites)
UMI Hotel, zona das cascatas (433€, duas noites)
Northern Light Inn, ao lado da Blue Lagoon (190€, uma noite)
Dia 1: Reiquiavique
Ao aterrar no Aeroporto de Keflavík, a cerca de 50 quilómetros da capital, tínhamos à nossa espera um funcionário da empresa Lava que nos levaria, num shuttle bus, até ao local para recolher a nossa viatura. Depois de preenchidos os formulários e montada (sempre difícil tarefa) a cadeirinha, partimos rumo à nossa primeira paragem: Reiquiavique.
A capital islandesa não é aquela que nos encanta à primeira, mas sim a que nos conquista a cada passo e à medida que vamos conhecendo a sua aura, havendo algo de místico e espiritual na sua pacatez colorida e despercebida. Ficamos apenas uma noite em Reiquiavique, tendo jantado no restaurante Reykjavik Kitchen, perto do centro.
No dia seguinte, aproveitamos a manhã para passear pela marginal e visitar a imponente Harpa, a sala de concertos da cidade, cuja arquitetura, estilo colmeia, deixa qualquer um hipnotizado. Almoçamos, e bem, neste espaço e seguimos para o nosso próximo destino: Geysir.
Dia 2: Geysir e Gulfoss
São 115 quilómetros que se fazem numa 1h30, por estradas calmas, com paisagens de tirar o fôlego. Tenham isso em conta, quando viajam de carro na Islândia, os cenários que nos passam pelas janelas do carro são quase tão surpreendentes como aquelas que vemos quando andamos a pé.
Chegados ao nosso hotel, fomos acarinhados pela hospitalidade lusa - existem muitos portugueses a viver na Islândia, principalmente na área do turismo - e partimos logo de seguida, de carro, à procura da nossa primeira cascata gigante islandesa, a Gullfoss, que fica a poucos quilómetros. É imponente, mas não nos deixou rendidos. De volta, mesmo em frente ao nosso hotel, estava o parque geotérmico Geysir, onde podemos ver géiseres em ação.
À noite, e tal como em todos os hotéis que ficamos hospedados, pedimos para nos avisarem caso surgissem as auroras boreais. Na receção, existem previsões deste fenómeno meteorológico e fizeram-nos acreditar que esta poderia ser 'A' noite. A verdade é que não foi e (acabando já com o suspense) saímos da Islândia sem ver uma nesga de uma aurora, mas claramente não atrapalhou no balanço final do país.
Dia 3: Parque Nacional Thingvellir e cratera Kerid
Para sermos mais precisos, passamos meio dia neste parque, mas já explicaremos onde gastamos o resto do dia. Este parque é considerado um dos lugares históricos mais importantes do país. É um espaço gigante, localizado entre as placas tectónicas da América do Norte e da Eurásia. Nele, encontram o Rio Öxará, que atravessa o parque, formando a cascata Öxarárfoss.
Quem leva crianças como nós - e não só - saibam que existe um espaço que serve comidas rápidas caso necessitem de almoçar. Estejam preparados fisicamente para carregar os mais novos, pois, tal como dissemos, é um parque natural para se explorar, e muito.
Depois, a caminho do nosso próximo destino, paramos na cratera Kerid para apreciar a imensidão do lago (congelado). Fomos em abril e apesar das temperaturas baixas, o frio era suportável.
Pela frente ainda tínhamos 400 quilómetros de viagem, que demoraram cerca de 5 horas, até ao nosso próximo destino, a zona dos lagos glaciares em Jökulsárlón.
Dia 4: Lagos Glaciares de Jökulsárlón e Parque Nacional de Skaftafell
Descansar bem e recarregar energias, este era o nosso lema quando reservamos o Fosshotel Glacier Lagoon, o melhor hotel da viagem. Com duas noites reservadas, aproveitamos para descansar e visitar as coisas com calma.
Da parte da manhã, aproveitamos para visitar o lago glaciar e a diamond beach, que ficam mesmo lado a lado. Dois lugares que impressionam de tão estranhos que são. Blocos de gelo numa praia? Não é para qualquer lugar...
À tarde, voltamos a 'puxar ferro', que é como quem diz carregar a filha (de 12kg) pelo Parque Nacional de Skaftafell, e tudo para ver a famosa cascata Svartifoss. Porém, a teimosia e o esforço foram-se transformando em desafio e alegria pela beleza e singularidade dos cenários. Tenham em atenção que para chegar à queda de água nas rochas de basalto é necessário percorrer quase 2 quilómetros a pé, num caminho quase sempre a subir. Se valeu a pena? Muito mesmo.
Outra nota importante para quem chega de carro: é necessário pagar (perto de 5€) o parque de estacionamento.
Dia 5: O avião abandonado e as praias negras de Reynisdrangar e Reynisfjara e ainda o Cabo Dyrhólaey
Logo pela manhã, voltamos à estrada em direção a Solheimasandur, onde estaria um dos pontos mais 'instagramáveis' da Islândia, uma vez que não o consideramos um ponto turístico. Falamos do avião acidentado e abandonado numa praia. Para visitar o avião, precisam de deixar o vosso carro no parque de estacionamento e, uma vez aí, têm duas opções: ou vão a pé (gratuito) ou pagam cerca de 20€ por pessoa para ir e voltar num autocarro próprio. É uma hora a pé (possivelmente contra muito vento) contra 10 minutos sentados. A escolha é vossa. Depois da experiência no dia anterior, preferimos abrir as cordas à bolsa e pagar pelo conforto.
Da parte da tarde, fomos visitar as duas praias negras mais famosas da vila de Vík: Reynisdrangar e Reynisfjara. A primeira mais inóspita e misteriosa, ao contrário da popular Reynisdrangar. Quando dizemos popular, queremos mesmo dizer mais povoada, algo que lhe retira o misticismo. Além disso, os fortes ventos que encontramos dificultaram o deslumbramento.
Para finalizar o dia, entre estas duas praias, podem subir de carro até ao topo do Cabo Dyrhólaey e avistar o pontal que deixa qualquer um assoberbado.
Dia 6: As cascatas Skógafoss e Seljalandsfoss
De fácil acesso até ao nosso destino final, uma vez que ficam à face da estrada principal da Islândia, paramos nas duas cascatas mais conhecidas do país. Tanto numa como noutra dá para sentir a força da água (e da natureza). Contudo, há duas particularidades que as tornam únicas. Na Skógafoss podemos ser brindados com um arco-íris consoante as condições atmosféricas, enquanto na Seljalandsfoss (com parque de estacionamento a 6€) dá para caminhar por detrás da queda da água e assim ter uma perspetiva bem diferente. Nesta, para quem viaja com crianças, é necessário ter mais atenção.
Depois do almoço nas imediações da Seljalandsfoss, partimos em direção à Blue Lagoon, já com pena de contar as horas da despedida. Foram 125km numa 1h30.
Dia 7: Blue Lagoon
Depois de tantos dias com temperaturas baixas, nada melhor do que acabar a nossa viagem pela Islândia com um banho quente a 40 graus. São as piscinas termais mais famosas da Islândia, uma vez que ficam muito perto do aeroporto internacional e a poucos quilómetros da capital Reiquiavique, logo é muito visitada por turistas. Não conotem esta palavra como negativa, mesmo assim, é de simples circulação, desde a entrada até à saída.
As entradas têm um custo elevado: os nossos bilhetes custaram cerca de 170€ para dois adultos, crianças até aos 13 anos não pagam e a idade mínima de admissão é dois anos. O bilhete básico dá direito à entrada, toalha, uma bebida e uma máscara de argila. Há outros pacotes que chegam a incluir uma noite no hotel.
No final, podem repor forças no restaurante do spa termal, mas fiquem a saber que as coisas são igualmente caras. Ficamos a manhã inteira na Blue Lagoon e, apesar de ler muitas críticas negativas, não temos nada a apontar. É um sítio limpo e prazeroso, com a ressalva de ser muito caro. Depois de secos, foi só questão de entrar no carro alugado pela última vez e partir em direção ao aeroporto que nos levaria de volta a Portugal.
Notas finais
Apesar das inúmeras histórias que ouvimos sobre a Islândia, este país não conseguiu conquistar o topo do lista das nossas viagens preferidas. Não interpretem de maneira diferente, é um lugar ímpar no planeta Terra e arriscamo-nos a dizer que é de visita obrigatória para qualquer ser humano, até para se ter a perceção de que o mundo não acaba e termina nas paginas da Internet. Há sítios que foram feitos para ser vistos ao vivo e sem filtros e, sem dúvida, a Islândia faz parte dessa lista.
Sabem quando vos dizem que visitamos o sítio certo na altura errada? Foi isso que aconteceu connosco em relação à Islândia. Há sempre alguém que sente de forma diferente, mesmo sabendo que, por dentro, adorou, só não entende o porquê.
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