A vocês, que estão a ler esta carta, que é também um roteiro, saibam que fomos muito felizes nas muitas viagens que fizemos em família. Aliás, se me perguntarem o que me faz feliz a resposta é simples: juntem viagens e família e têm a fórmula para a ocitocina.
Disseram-me que viajar convosco, muito novos, não vos traria benefícios, pois não se lembrariam do que passamos. As memórias devem servir para algo, digo eu, seja em forma de história ou de cartas, como esta que vos escrevo.
Lembram-se da Torre de Pisa, em Itália, ou da cascata Skogafoss, na Islândia? Acredito que não, por isso preservamos fotografias como recordações, que mais tarde servirão, seguramente, de mote para contar muitas histórias.
E do Dubai, lembram-se?
Estivemos lá em 2020 e apenas um de vós embarcou na viagem com os pais (pelas contas, é fácil de saber quem foi), mas como era muito nova também não se deve lembrar, por isso escrevo-vos esta carta. Até para o caso de querem lá ir/voltar. Juntos, então, seria especial.
Para os meus filhos
Diziam-nos, a mim e à vossa mãe, que Dubai era uma espécie de cidade do futuro. Como vocês estão no futuro - pelo menos na minha cabeça - não sei... O que me dizem? É assim tão diferente de outras cidades?
Estivemos no Hotel Trip by Windham Dubai e espero que ainda exista, pois tenho boas recordações. Ainda me lembro de comentar com a vossa mãe que até nem foi caro: 459€ por seis noites e com pequeno almoço incluído. Se há momento que ficou gravado foi quando tu, filha mais velha, rachaste a cabeça na borda da piscina, aquela que ficava no topo do hotel e onde se ouviam as orações islâmicas, vindas da mesquita Hamel Al Ghaith.
Ainda bem que tudo não passou de um susto. Até uma fatia de bolo te foi oferecida para 'compensar os danos'. Ficamos tão preocupados que decidimos alterar a nossa visita ao edifício mais alto do mundo, o Burj Khalifa. Ainda conserva esse título? Ficaste mesmo fascinada com o elevador, cujo teto simulava um céu estrelado.
Visto de fora era igualmente imponente, principalmente à noite com a sua projeção de luzes. Tal como o espetáculo (gratuito) da Fonte do Dubai, um dos mais procurados pelos turistas. Conseguimos encontrar um restaurante com boas vistas - basta procurar no Dubai Mall - mas perdi uma das minhas músicas favoritas porque tive de te levar à casa de banho. Viajar com crianças não é fácil.
Ainda durante a noite passeamos ao longo da Marina e, se já o conhecesses na altura, dirias que era um cenário saído de um filme do Batman. Mais tradicional é o Bazar Madinat Jumeirah, que permanece fiel à sua herança árabe, enquanto incorpora aspectos modernos.
Durante o dia passeamos pela zona de La Mer, fizemos praia, aqui e também em JBR. Sem esquecer que também molhamos os pés nas águas do Hotel Atlantis Palm, isto porque quisemos que tu fosses ao Aquaventure Waterpark. Acredita, o teu pai foi o que desfrutou mais do parque. A tua mãe certamente aproveitaria, não estivesse grávida e impedida de usufruir das atrações, mas lá andou num e noutro. Ainda deu para visitar o Aquário The Lost Chamber.
Fiquem a saber que Dubai e Abu Dhabi estão separados por 115 quilómetros e não quisemos abandonar os Emirados Árabes Unidos sem visitar a sua capital. A Mesquita do Sheikh Zayed e o palácio presidencial (Qaṣr Al-Waṭan) são realmente imponentes. A viagem de autocarro desde o Dubai até lá faz-se em pouco menos de três horas, a troco de poucos dirhams (moeda local).
Se quiserem ter uma experiência em que o passado e o futuro se juntam, tal como esta carta, então visitem o Dubai Frame.
Devem estar a perguntar-se: "e então dicas de restaurantes"? Alguns já sabemos que foram encerrados, mas, à data, posso recomendar o libanês Al-Nafoorah e o Coya. Espero que resistam ao tempo e às mudanças bruscas que isso acarreta.
Despeço-me em jeito de desafio: espero que esta carta sirva de rastilho para reservarem uma viagem nos próximos dias, seja para o Dubai ou outro lugar qualquer. Se formos juntos, melhor ainda.
Voltamos sempre que quiserem
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