A ilha do Sal oferece beleza, gastronomia, salinas, piscinas naturais, aventuras todo-o-terreno e até golfe. Entre junho e outubro, há a oportunidade de observar as tartarugas a desovar e, durante o resto do ano, pode fazer desportos náuticos, mas não só.
A morabeza não se explica, sente-se
Tal como saudade, a palavra do crioulo cabo-verdiano morabeza não tem tradução e, no Sal, mais do que a escutar, vai a sentir. Para tal, há mesmo que partir à descoberta da beleza da ilha e das suas gentes.
Pode começar pela Baía da Murdeira que oferece belas piscinas naturais e vista para o Monte Leão. Depois, pode seguir para Espargos, capital da ilha, onde encontra um mercado local que vende carne, peixe, legumes, fruta e artesanato.
Nesta senda, pode continuar a sua viagem por Palmeira, que fica a cinco quilómetros deste município. Conhecida como a Vila dos Pescadores, Palmeira surpreende pela autenticidade. Cruzamo-nos com pescadores a sair do mar e vendedores a amanhar peixe, enquanto outros habitantes convivem na pequena tasca local onde também se escuta música.
Vale ainda a pena explorar a pequena vila que conta com diversos murais e lojas para comprar artesanato ou lembranças. Vai ver que vai começar a entrar no ritmo da morabeza a partir daqui.
Que segredo esconde a Buracona?
Esta pequena baía, no noroeste da ilha, conta com piscinas naturais onde pode mergulhar, contudo, esta atração oferece algo mais e exclusivo: o deslumbre de um olho azul, um efeito natural que só poderá ver entre as 11 e as 12 horas.
Durante este período, um "olho azul" observa-nos a partir de um buraco com água no seu interior.
É um momento único proporcionado pelo reflexo do sol na água.
Ainda na Buracona, cuja entrada são 330 escudos (3 euros), pode comprar recordações pois existem várias bancas com artesanato local.
Flutuar dentro da cratera de um vulcão
Convidativo? É realmente um lugar único. Com uma área de 40 hectares, as salinas de Pedra de Lume encontram-se na cratera de um vulcão extinto, 39 metros acima do nível do mar e em 1.500 metros de uma enseada abrigada.
O acesso às salinas faz-se por um túnel que nos remete para outros tempos, o da colonização portuguesa. Neste tempo, e segundo a Lusa, a extração de sal neste destino atingiu um ponto áureo de onde se destacam as exportações para o Brasil por terem chegado a 30000 toneladas anuais até 1887.
As exportações do "ouro branco" diminuíram significativamente até 1963, altura em que a atividade local foi praticamente descontinuada, mantendo-se a extração e exportação de pequenas quantidades, principalmente para a confeção de produtos de beleza.
Quem quiser pode ir a banhos nas salinas (mas não mergulhar devido à grande concentração de sal). Aliás, mal entrar na água, vai começar a flutuar. Dado o nível de concentração deste mineral, há que ter atenção aos olhos.
A entrada neste complexo tem um custo de 660 escudos (6 euros). Quem entrar na água, pode utilizar a zona dos balneários e tomar um pequeno duche por um um euro. Existe ainda restaurante e bar de apoio.
Também na proximidade, encontra o Area Docas onde pode comer cachupa ou peixe e marisco.
Depois de flutuar, porque não voar?
Fazer zipline na ilha do Sal pode parecer que não é para todos, mas é (pelo menos para a maioria). É daquelas experiências que o melhor é ir sem pensar muito, porque descer a Serra Negra de tirolesa é memorável e libertador.
A descida tem a duração de cerca de 90 segundos, contudo, a aventura começa assim que somos transportados para o topo da montanha por um camião 4x4. No topo da montanha, somos recebidos por um ambiente festivo e por uma equipa bastante profissional que nos acompanhará ao longo de todo o processo.
Ainda assim, é provável que os nervos ou receio comecem a vir ao de cima à medida que se aproxima a nossa vez de descer. No entanto, mal arrancamos, estas emoções desvanecem devido ao que nos chega. Não, não é assustador. É de suspirar e sorrir. Arrisque se tiver oportunidade (e não tiver vertigens).
A festa continua na base com música ao vivo e danças tradicionais. A experiência de Zipline custa 5400 escudos (49 euros) para adultos e 3850 euros (35 euros) para crianças.A descida de tirolesa mostra-nos o lado mais árido da ilha que muitas vezes nos esquecemos devido à beleza e vivacidade das suas praias.
Quem quiser mais adrenalina e explorar o lado quase desértico da ilha, pode aventurar-se num dos circuitos de todo-o-terreno em buggy ou numa moto-4. Para além do lado divertido, o circuito inclui paragens em pontos estratégicos que nos permitem apreciar belas paisagens.
Os mais radicais ainda podem fazer kitesurf no Sal ou ter uma aula de iniciação (consulte, por exemplo, a escola Mitu & DjO). Mesmo que não tenha vontade de experimentar este desporto aquático, não deixe de visitar a Kitebeach para apreciar os praticantes desta que é uma das modalidades mais populares na ilha.
Golfe na ilha mais árida de Cabo Verde
O projeto nasceu graças a um investidor italiano, o Giannino Mariani, que chegou ao Sal em 1997 para abrir uma grande unidade hoteleira. Apaixonado por golfe, Mariani procurou também levar o seu desporto preferido para a ilha desprovida de água doce. Em conjunto com a filha, Paola, e o genro, Camilo, o investidor começou a desenvolver um plano para produzir relva para aquele que viria a ser o atual campo de golfe, o Viveiro Golf & Country Club.
Foi neste sentido -- com o objetivo de produzir relva para o campo de golfe -- que nasceu o Pachamama EcoPark. O Pachamama, que significa mãe terra em quechua (língua indigena da América do Sul), com o tempo, ampliou o seu propósito e, atualmente, é um oásis verde na ilha que permite aos moradores e viajantes descobrir a fauna e a flora do arquipélago. O parque é igualmente lar de animais abandonados, como os macacos que são muitas vezes utilizados para fins turísticos (fotografias com turistas) e que ao crescerem deixam de servir.
Graças à produção de relva do Pachamama EcoPark, o campo de golfe idealizado por Mariani ganhou vida e, hoje, é um exemplo de sustentabilidade por utilizar apenas água reciclada para a irrigação e energia solar. Vale a pena visitar este lugar inesperado para descobrir outras das suas práticas sustentáveis e experimentar a modalidade.
Para além de contribuir para o alargamento da oferta turística do Sal, o Viveiro Golf ajudou a criar novos postos de trabalho na ilha que tem no turismo o seu principal motor económico.
Paola Mariani é igualmente professora de yoga e dá, por vezes, aulas no parque botânico. A família Mariani ainda prevê criar um boutique hotel, com um máximo de 70 quartos, perto do campo de golfe.
Ao ritmo das ondas e da música
Sugestões não faltam para desfrutar do melhor do Sal e uma boa sugestão é um passeio de catamarã, como o do Sodade. Ao longo do animado passeio, que inclui bebidas, snacks, existe uma paragem para fazer snorkeling ou simplesmente mergulhar. A viagem conta com música e animadores que prometem colocar todos os tripulantes a dançar.
Onde as tartarugas desovam
A ilha do Sal é igualmente um ótimo destino para assistir à desova das tartarugas, que acontece entre junho e outubro.
Recorde-se que o arquipélago cabo-verdiano tem uma das maiores aglomerações de desova de tartarugas-cabeçudas e é a única área de desova da espécie em toda a costa leste do Atlântico.
Apesar de circularem por todo o globo, as tartarugas regressam ao sítio onde nasceram 20 a 25 anos mais tarde para desovarem. Voltam a cada dois ou três anos e param por volta dos 45 anos.
A não perder
Reserve algum tempo para caminhar à beira-mar e para mergulhar longe das multidões que se concentram perto dos hotéis. Há muito areal. Não deixe também de explorar a avenida pedonal de Santa Maria, Pedonal Ildo Lobo, que conta com várias lojas e vida noturna.
*O SAPO Viagens visitou a ilha do Sal a convite da easyJet
Comentários