Imagem: Joseolgon / CC BY-SA 4.0

A sua estrutura em madeira, a descer e a subir entre montanhas, ou a traçar uma linha reta à beira-mar já faz parte do postal de muitos lugares portugueses. Os passadiços vieram para ficar e ganharam o estrelato com os que foram inaugurados junto ao rio Paiva, em 2015.

Até então, era habitual encontrar estas estruturas junto a zonas costeiras. Como utilizadora assídua dos passadiços das praias de Vila Nova de Gaia e de Espinho, posso dizer que estas estruturas são uma mais-valia para estes espaços. A sua construção limita o acesso às dunas, contribuindo, assim, para a preservação das mesmas, além de serem percursos muito convidativos para quem gosta caminhar e/ou correr ao ar livre. Ou seja, logo por aí, temos bons argumentos a favor destas estruturas que, ultimamente, passaram também a ser vistas como destruidoras da paisagem natural.

Contudo, nada acontece por acaso, e a inauguração dos Passadiços do Paiva trouxe uma novidade que, rapidamente, deixou de o ser. O percurso de 8,7 quilómetros teve a particularidade de percorrer uma zona na margem esquerda do Paiva que seria de difícil acesso. Como podem ver na imagem acima, sem o passadiço teríamos de andar por zonas rochosas, junto ao rio, algo que não é atrativo, nem acessível, para qualquer tipo de pessoa.

Assim, este género de passadiço que foi sendo replicado noutras regiões do país (Orvalho, Fragas de São Simão, Sistelo, entre outros) democratizou e facilitou o acesso a zonas montanhosas e a terrenos irregulares que, de outra forma, estariam a ser percorridos e conhecidos por menos pessoas.

Passadiços das Lagoas do Vez
Passadiços das Lagoas do Vez créditos: CM Arcos de Valdevez

É bom para o turismo? Sem dúvida que sim. Basta inaugurar um novo passadiço para se multiplicarem as notícias e as imagens nas redes sociais, bem como o número de visitantes. Essa forma de promoção de um território é válida e tem apontado o holofote turístico para lugares pouco visitados no país.

E para a natureza, também é bom? Depende. A presença de mais pessoas num ambiente natural que se quer preservado pode trazer efeitos prejudiciais: mais lixo, falta de respeito pelas regras, violação de espaços naturais, impacto visual e sobrecarga de lugares que nem sempre têm estruturas suficientes para o excesso repentino de visitantes.

Desta forma, é necessário não só o investimento em passadiços, mas também em estruturas de apoio aos mesmos, como parques de estacionamento, casas de banho e caixotes de lixo. Também é necessário haver consciência na mente de quem os percorre para que se cumpram as regras de respeito e preservação.

Percorrer um passadiço não é o mesmo do que percorrer um trilho. Quem gosta de fazer trilhos, provavelmente, foge dos passadiços e quem gosta de percorrer passadiços, provavelmente, não gosta de caminhar por trilhos com um grau de dificuldade mais elevado.

Um invalida o outro? Não, mas nos dois casos é preciso existir a preocupação de preservar o espaço. No caso dos trilhos, por exemplo, se forem percorridos por uma grande quantidade de pessoas pode haver uma maior erosão dos solos, sendo, por isso, necessária uma renovação dos mesmos de tempos em tempos, como já se faz em trilhos no estrangeiro.

Como dizia o filósofo, a virtude está no meio, e o equilíbrio entre interesses turísticos e preservação ambiental deve ser sempre levado em conta quando se decide construir mais um passadiço ou qualquer outra intervenção no espaço natural. Isso para não falar dos baloiços, mas estes deixamos para tema de um próximo artigo.

E vocês, são “team” passadiços ou “team” trilhos?

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