O Parque dos Monges, em Alcobaça, é uma autêntica viagem a um passado distante e longínquo que nos mostra como viviam os monges da Ordem de Cister, que prepararam a construção do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Mas é também um espaço onde miúdos e graúdos se podem divertir com as mais diversas atividades desportivas, longe da cidade e perto da natureza e dos animais. É um apelo ao convívio genuíno e à aventura saudável de passar tempo ao ar livre.

A funcionar há sete anos pela mão de dois irmãos, que adquiriram a propriedade com oito hectares, em 1998, o Parque dos Monges “nasceu para recuperar as tradições dos monges que aqui se instalaram no século XII e para privilegiar o contacto com a natureza”, explica a diretora Cláudia Santos. Além de cultivarem a terra para o seu próprio sustento, os monges enviavam também alimentos para as freiras do convento próximo de Cós. Daí que a esta zona se chame ainda hoje Quinta das Freiras.

Glamping
Glamping Glamping créditos: Starting Today

E a importância histórica deste local não fica por aqui. Foi também nestas terras que, durante a Batalha de Aljubarrota, as tropas portuguesas montaram o seu acampamento e festejaram a vitória sobre os castelhanos. Segundo a responsável, “todo este contexto histórico deu vida ao parque ao qual foram adicionadas as vertentes ambiental, zoológica, de aventura, animação e de alojamento”, sendo esta a mais recente. O glamping foi inaugurado em agosto de 2017 e é um verdadeiro sucesso.

O espaço tem diversas estruturas de apoio a algumas das atividades mais procuradas, como o slide, a escalada, o arco e flecha, o arborismo, kart, paintball e orientação, mas é marcado pelo imenso Lago das Freiras, que ocupa grande parte da propriedade e onde foram construídas as cabanas do glamping.

Aldeia Medieval
Aldeia Medieval Aldeia Medieval créditos: Starting Today

Foi também criada uma aldeia, que mostra como eram as habitações e os ofícios no período medieval, um jardim bíblico, com árvores e plantas mencionadas na Bíblia e com propriedades curativas, que eram utilizadas pelos botânicos para criarem medicamentos, um museu dos doces conventuais, ou não fossem os monges especialistas em doces de comer e chorar por mais, e um fluviário, onde encontramos, por exemplo, o casal de lontras Pedro e Inês e o seu filhote, que faz questão de mostrar os seus dotes exibicionistas.

Mas há mais: tartarugas, alpacas, esquilos, cangurus, guaxinins, burros, cabras, patos e até um macaco verde. “Os animais foram-nos entregues ou pelas autoridades ou por pessoas que já não podiam cuidar deles”, conta Cláudia Santos. Não é um dos principais focos do parque, revela, no entanto, “irão ser feitas algumas melhorias para dar condições mais adequadas a estes moradores” que fazem as delícias de pequenos e grandes.

Para complementar toda esta oferta de história, natureza e meio ambiente, há todo um programa de atividades (desde 6,50€) que dura o ano inteiro e que tem múltiplos destinatários: grupos escolares, famílias, seniores e funcionários de empresas. A imaginação é o limite, por isso, tudo se pode organizar por aqui, tal como um batizado ou um casamento.

E foi para dar resposta a este “público que vem de todo o país e não pára de aumentar que nasceu o glamping”, revela a diretora do espaço. Foram criadas dez cabanas que permitem a proximidade e o contacto com a natureza, mas que estão equipadas com casas de banho e chuveiros e todos os confortos necessários. Para estes dias mais frios, têm cobertores elétricos com três níveis de calor, que podem ser controlados individualmente.

Interior da cabana
Interior da cabana Interior da cabana créditos: Starting Today

Pernoitei na cabana oito (desde 70€ por noite), para duas pessoas, onde já cheguei de noite. A tenda está instalada numa plataforma de madeira sobre o lago, pelo que se ouvem apenas os sons dos patos e de alguns automóveis ao longe. A decoração é simples e confortável, o espaço intimista e muito bem pensado com pormenores muito curiosos, como os candeeiros e a própria cama, colocada sobre troncos de árvores. O lavatório e o chuveiro são também muito originais.

Nem o frio me tirou o sorriso, até porque o cobertor faz toda a diferença, sobretudo quando estamos em dezembro. A surpresa maior veio de manhã quando abri a porta de madeira e pude apreciar a vista deslumbrante do arvoredo sobre a água. A paz e a tranquilidade que emanam daquele lugar fazem esquecer as temperaturas mais agrestes. O pequeno-almoço é servido no refeitório dos monges.

Há cabanas para famílias até seis pessoas (desde 70€/noite) e, no meio do lago, encontramos a do Boticário (desde 100€/noite), cujo acesso é feito de jangada. Fica talvez para outra altura do ano, quando a água do lago não estiver tão fria.

Por Helena Simão, blogger do Starting Today