Antes de entrevistar este casal, fiquei a recordar o moinho que tenho aqui atrás de casa. E, desta memória, saltou-me o cérebro para uma mais antiga e muito presente: na minha infância ia, semanalmente, comprar milho partido ao sr. Moleiro (não me lembro do nome, pois era assim tratado na vila de Eixo, algures em Aveiro). E adorava ver como o milho era tratado com carinho e tornava-se quase em farinha. Depois vertido num saco que se tornava pesado. O cheirinho era tão bom e sempre pensei que as galinhas lá de casa mereciam todo aquele esforço. Há pequenas coisas que qualquer infância devia ver. Há grandes experiências que qualquer ser humano devia acolher.
Hoje vou contar onde tem de reservar a sua dormida com direito a vista para toda a serra e ainda com piscina à porta: @beemoinho. Esta família (@ohanadventures) – a Cláudia, o Artur e o pequeno Martim - experimentou e mais que uma vez, em diferentes moinhos portugueses. Parece que colecionam histórias de encantar, viagens de embalar, literalmente. No verão passado já tinham tido uma experiência gastronómica num moinho algarvio. Desta vez foram convidados a pernoitar num moinho centenário. Eles não imaginavam o que os esperava e isso nota-se enquanto os entrevisto. Desta vez não deixei perguntas ‘retas’, decidi ouvir o ‘vento’ deste moinho:
“Foi fantástico, foi uma experiência diferente (…) agora foi a vez de dormir num moinho (…) tem uma boa localização, fica entre Mafra e Ericeira (…) o moinho tem cem anos, e digo-te Sandra, não há preço para acordar de manhã com o silêncio da natureza”.
Sem preço e com vontade de viajar dentro de Portugal, a Cláudia frisa que quando chegaram ao moinho, ouviu natureza: “ouvimos imensas rãs… deve haver um riacho perto”. No dia seguinte a senhora que cuida da manutenção (limpeza) do moinho referiu que as rãs são as ‘mascotes’ dali, sem riachos à vista.
Este moinho vale a viagem e a dormida, pois é totalmente ecofriendly: têm uma fossa ambiental, toda a eletricidade é providenciada pela energia solar e algo curioso, o moinho até tem um livro de autoajuda para relaxamento individual. “Um retiro de autoajuda (…) para as pessoas pensarem ao longo do período em que estão hospedados”.
Continua a Cláudia, “os olhos também comem”, refere-se à decoração do moinho. E sobre decoração do moinho, ora vejam o Instagram desta família aventureira: entrem no moinho branco e de linhas amarelas, subam as escadas de madeira tão bem cuidadas e estão numa suite rústica e maravilhosa. E como temos os abençoados neurónios espelho, vamos ficar a sorrir só de ver o sorriso deles.
Entre serra imensa também encontra um trejeito da época balnear num só cenário: tem uma piscina pequena e muito fofa mesmo na frente do moinho. Sente-se ali e, com as costas protegidas pelo moinho que outrora trituraria milho nas mãos dos moleiros, observe a serra com os pés contentes na água.
Inspirador e como diz o Artur: “outside the box”, é algo diferente e que não diferirá muito de dormir sob as tendas yurt no deserto marroquino ou no gelo da Antártida. Os turistas procuram isto, os portugueses têm isto.
O Bee Moinho é um projeto lindíssimo de um casal jovem lisboeta e que merece a sua visita. Aliás merece ser divulgado. Eu vou de certeza, quero sorver natureza como quem ama por inteiro. Quero viajar dentro da minha região com se estivesse a fazer uma expedição de sonho e sem ter de pagar exorbitâncias, nem ficar com frieiras nas mãos ou com insolação a inchar-me o rosto.
Fica aqui a sugestão para uma prenda do dia da criança! Concordam? Ofereçam à criançada. Ou fujam do stress e façam este retiro que até um manual de instruções ‘de fuga’ tem, entre chilrear de aves e o coaxar das rãs.
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