Com mais de 30 anos, o Complexo Turístico do Peneireiro é pouco conhecido na região, mas tem fidelizado gerações de campistas a um espaço com 60 hectares, dotado de parque de merendas, parque infantil, piscina com restaurante, animais, espaços desportivos, loja de artesanato e produtos regionais e o “lago” da barragem.
“É uma das joias de coroa de Vila Flor”, como salientou à Lusa Fernando Barros, presidente do município que investiu, este ano, 800 mil euros em novas infraestruturas como a ciclovia até à vila, pavimentação, vestiários e restaurante e bar de apoio à piscina.
Em 2016, passaram pela piscina “72 mil pessoas” e acamparam no Peneireiro 12 mil, que totalizaram mais de 40 mil dormidas, segundo dados da autarquia.
“É muita gente para o interior. Muitas pessoas têm a noção de que é o interior onde ninguém vem, mas não é o caso. Esta é efetivamente uma das joias onde nós temos muita gente no verão e queremos continuar a ter”, defende o autarca.
O casal Jacinta e José Soares são de Matosinhos e descobriram este “oásis” no Nordeste Transmontano há perto de trinta anos.
Pararam algum tempo e voltaram no ano passado. Montam a tenda e acampam “aqui para não sair até acabar”.
Têm “tudo o que é preciso”, garantem.
Fazem, todos os anos, uma semana de férias fora do país, já fizeram campismo noutros locais, mas dizem que agora é em Vila Flor que se sentem bem.
Desta vez, trouxeram um dos netos, o Rodrigo, que destaca a piscina, o poder jogar futebol, passear no lago e usar as máquinas de atividades.
Jacinta é mais entusiasta do campismo do que o marido e, talvez, por ter sido o primeiro parque que experimentou, gosta especialmente de Vila Flor.
“Gosto da verdura, da natureza, de ir à vila, das pessoas, são mais meigas, aqui é tudo mais terra a terra”, apontou.
O único reparo que faz é aos melhoramentos que as casas de banho reclamam.
“Praticamente ainda são as mesmas de há 30 anos. Este ano houve melhoramentos [no parque], aqui também precisa”, alertou.
Os campistas chegam, sobretudo, do norte litoral de Portugal, mas também estrangeiros de 17 nacionalidades contabilizadas pelos responsáveis locais.
“Há um casal belga que fica três meses”, atalhou um funcionário.
O parque tem capacidade para mais de mil pessoas. Não tem cantões. Os campistas “instalam-se só com a condição de não prejudicar o vizinho”. Quanto a preços? “É muito baratinho”, diz o presidente.
O espaço é todo arborizado e tem ainda a atração de animais, além das condições para a prática de várias atividades ao ar livre, um dos motivos que, há 11 anos, leva os professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) dos três agrupamentos de escolas de Bragança a escolherem esta local para um retiro de fim de ano letivo.
Este ano, foram perto de 200 jovens a, durante uma semana, desfrutaram do espaço, da piscina, atividades como escalada ou slide e até foram ao cinema, a pé, à vila.
“Está entre os melhores parques nacionais”, afiançam os professores Helder Pereira e Alcino José Barros, com outro elemento da organização, Jorge Novo, a realçar que “reúne condições de segurança e realização de atividades que mais nenhum parque tem”.
A publicidade que o município faz deste espaço “passa, muitas vezes, por oferecer a estes grupos de jovens a estadia gratuita, ainda não na época alta”.
“Porque sabemos que eles ficam fidelizados e, quando crescem, continuam a ser clientes do parque ”, defendeu o autarca.
Fernando Barros reconhece que este espaço “não é tão conhecido” dentro do Nordeste Transmontano e lamenta que haja “condições na região e, às vezes, não se utilizam”.
O complexo está aberto todo o ano, mas é na época alta do verão que tem maior afluência e emprega 40 pessoas.
Este ano tem a novidade do restaurante que “fez regressar à terra”, depois de uma carreira no Porto, Olímpia Ligório e José Rodrigues, uma enfermeira e um polícia aposentados e que veem aqui “um negócio interessante", com comida exclusivamente regional.
Ficaram com a concessão do restaurante e, como diz Fernando Bonifácio, marido de Olímpia, “isto tem asas para voar” porque já vinha muita gente e espera ainda mais agora com a nova estrada IC5 a passar por ali.
Ainda não sabem quantos postos de trabalho vão criar. Esperam a ajuda da família e resposta ao anúncio na vidraça: “precisa-se empregada”.
Fonte: Lusa
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