Os avieiros do Tejo são os descendentes dos pescadores de Vieira de Leiria que, a partir do séc. XIX, passaram a procurar neste rio o seu sustento durante os meses invernios, acabando por se fixarem definitivamente em minúsculas aldeias nas margens do Tejo. Muito isolados das vizinhas comunidades rurais, mantiveram uma cultura e um modo de vida próprios, com características que subsistem até hoje, pese embora a sua diminuição em número – de pessoas e de locais. Algumas destas aldeias desapareceram totalmente, outras estão em ruínas, e outras ainda acabaram absorvidas pelos núcleos populacionais adjacentes. Felizmente, sobrevivem umas quantas, e têm vindo a ser feitos esforços para que este património português tão exclusivo não desapareça.

Aldeias avieiras do Tejo
Aldeias avieiras do Tejo a sul de Santarém

A mais famosa destas aldeias é o Escaroupim, situada perto de Salvaterra de Magos. Foi ela a escolhida para “bilhete-postal” da cultura avieira no Tejo.

Núcleo Museológico da Casa Avieira
Núcleo Museológico da Casa Avieira, em Escaroupim créditos: Ana C. Borges

Várias casas tradicionais foram recuperadas para constituírem o Núcleo Museológico da Casa Avieira. Também podem visitar o museu “Escaroupim e o Rio”, cuja exposição mostra artefactos, documentos e memórias das comunidades piscatórias do Tejo.

Cais palafítico de Escaroupim
O cais palafítico de Escaroupim, de onde partem alguns passeios a barco créditos: Ana C. Borges

O cais palafítico está renovado e continua a servir os pescadores da aldeia, além de ser também um dos locais de onde partem as embarcações que nos levam a passear no rio – um passeio que recomendo vivamente, sobretudo para quem gostar de observar aves no seu habitat natural, pois terá oportunidade de ver muitas e de variadas espécies. O barco passa também junto à Ilha dos Cavalos, lugar escolhido pela Coudelaria Nacional para criar os seus potros.

Ilha dos Cavalos
A Ilha dos Cavalos, avistada num passeio de barco pelo Tejo créditos: Ana C. Borges
Tejo
A garça-real é uma das espécies de aves que podem ser observadas nas margens do rio créditos: Ana C. Borges

Na margem oposta, encontramos duas outras aldeias avieiras, bem menos turísticas e mais genuínas. A maior tem o nome de Palhota, e foi aqui que viveu o escritor Alves Redol enquanto recolhia elementos para escrever o seu livro “Avieiros”, publicado em 1942.

A meia dúzia de quilómetros de distância, a minúscula Porto da Palha (ou Lezirão, como está nas placas que indicam o caminho) tem embarcações mais modernas, mas mantém a garridice das cores que caracterizam as casas dos avieiros (reminiscência dos “palheiros” da nossa Costa de Prata).

Porto da Palha
Porto da Palha, na margem norte do Tejo créditos: Ana C. Borges

Nas Caneiras, já muito perto de Santarém, as casas que se erguem mais junto à linha de água ainda mantêm algumas características originais.

Em Alpiarça, antes de chegar à praia do Patacão existem dois núcleos arruinados de antigas casas de avieiros, erguidas sobre pilares para sobreviverem às inundações, como é habitual nestas comunidades. Abandonadas em finais do século passado, a vegetação começa já a engoli-las, apesar de durante anos terem sido feitas campanhas de limpeza para evitar o seu desaparecimento.

Podem ler mais sobre estas aldeias e o Tejo no blog da Ana:

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