O bioblitz é uma atividade ao ar livre que continua a ganhar expressão em Portugal, com realização regular em locais como o Parque Florestal de Monsanto ou Serralves, mas não só. Pedimos a Sergio Chozas, que já ajudou a organizar e divulgar alguns bioblitzs, que nos explicasse a sua utilidade para a Ciência e importância para a conservação da natureza.
Um Bioblitz é um evento de exploração biológica com o objetivo de registar todas as espécies dentro de uma área definida e num tempo determinado. É destinado a todos os públicos, desde cientistas e naturalistas, até ao público em geral. Dependendo se os objetivos forem mais científicos ou pedagógicos, os destinatários destas iniciativas podem variar ligeiramente, mas, na minha opinião, deverão sempre ter uma componente que satisfaça um público diversificado. Os Bioblitzs têm mais de 100 anos de história, mas agora, graças ao uso de aplicações móveis (como o iNaturalist), que permitem o registo e validação das observações, têm registado um aumento exponencial.
Um Bioblitz pode ter um fim sobretudo científico, em que queremos “mapear” a biodiversidade de um determinado local numa altura dada, ou então pedagógico, em que queremos dar a conhecer a diversidade de espécies entre as pessoas. A importância é vital, no contexto da crise de biodiversidade que estamos a sofrer: devemos dar a conhecer a importância, e a beleza, das espécies que nos rodeiam.
Parte da falta de conhecimento e de consciência relativa à perda de biodiversidade pode dever-se à falta de contacto com a natureza, é a chamada “extinction of experience”, um termo proposto por R.M. Pyle em 1978. Os Bioblitzs, mesmo em contexto urbano, aproximam as pessoas à natureza e abrem a porta ao “fascínio” pelas plantas, insetos, aves etc. É difícil que crianças e adultos que nunca tiveram contacto com a natureza consigam criar laços afetivos ou desenvolver empatia com seres vivos que não conhecem e, menos ainda, sentir que a falta deles seja um problema.
Sergio Chozas é investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da FCUL da Universidade de Lisboa e membro da direção da Sociedade Portuguesa de Botânica, onde ajuda a promover o interesse pela botânica e flora do país. É também sócio da Associação BioDiversity4All, que tem como objetivo a criação de uma base de dados de biodiversidade baseada nos contributos dos utilizadores da sua aplicação.
Podem seguir o Sergio no twitter, onde faz a divulgação de bioblitzs e outras iniciativas em torno da biodiversidade.
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