É a ilha mais central do arquipélago dos Açores e a mais escarpada. Conhecida pelo queijo e pelas mais de 70 fajãs, São Jorge tem muito para oferecer, começando pelas imponentes paisagens naturais. É um lugar de aventura e de natureza em estado bruto. A ilha do dragão é um paraíso misterioso a flutuar no Atlântico. Vamos descobri-lo?

A vista do avião já surpreende: uma ilha alongada, marcada por altas falésias que se debruçam no mar. O verde da vegetação luxuriante contrasta com o azul do Atlântico. São Jorge apresenta-se numa sucessão de cones vulcânicos, responsáveis pela formação da ilha. Foi esta forma alongada (54 km de comprimento e 6,9 km de largura máxima) que lhe deu a alcunha de ilha do dragão, pois, vista de longe, se assemelha a um dragão adormecido no meio do oceano – só esta metáfora já confere uma aura de misticismo à ilha.

Lagoa da Fajã de Santo Cristo, Ilha de São Jorge
Lagoa da Fajã de Santo Cristo, Ilha de São Jorge Lagoa da Fajã de Santo Cristo, Ilha de São Jorge créditos: Alice Barcellos

Assim, São Jorge é uma ilha ideal para quem procura natureza, paisagens espetaculares, aventura e aquela sensação de isolamento, uma vez que a ilha ainda não é muito visitada por turistas.

Deixamos a seguir sete sugestões de experiências para quem vai visitar a ilha do dragão.

1. Fazer um trilho

Para conhecer a essência de São Jorge, nada melhor do que caminhar pelos trilhos da ilha. Neste site encontra os trilhos oficiais, com as descrições de cada um.

R01 SJO Serra do Topo - Caldeira do Santo Cristo - Fajã dos Cubres
R01 SJO Serra do Topo - Caldeira do Santo Cristo - Fajã dos Cubres R01 SJO Serra do Topo - Caldeira do Santo Cristo - Fajã dos Cubres créditos: Alice Barcellos

Um dos mais famosos é o Serra do Topo - Caldeira do Santo Cristo – Fajã dos Cubres - PR01 SJO. É um percurso fantástico que nos leva numa viagem fascinante pelo interior da ilha. Pelo meio, uma paragem para apreciar a beleza da Cascata da Caldeira de Cima, que fica "escondida", mas que é fácil de encontrar, basta seguir o barulho da água. O culminar deste percurso é a chegada na magnífica Fajã da Caldeira de Santo Cristo, com a sua lagoa junto ao mar. O trilho termina noutra fajã, a dos Cubres, que também tem uma bela lagoa. São as duas únicas lagoas dos Açores que ficam junto ao mar.

2. Apreciar a beleza da Fajã da Caldeira de Santo Cristo

Fajã é o termo utilizado para designar um terreno plano junto ao mar formado por derrocadas de falésias ou por lava de erupções vulcânicas. Assim, existem dois tipos de fajãs: as detríticas e as lávicas. Boas notícias: na ilha de São Jorge podemos encontrar dos dois tipos e não é à toa que esta é conhecida como a ilha das fajãs. São dezenas, mais de 70, algumas já inacessíveis.

O difícil acesso a estes pedaços de terra abençoados por solos férteis e protegidos das intempéries por altas arribas não demoveu os habitantes de São Jorge que foram se estabelecendo nas fajãs, afinal, os atrativos eram muitos. Um estilo de vida que tem tanto de fascinante como de assustador, pelo isolamento inerente a estes territórios, principalmente na costa norte da ilha, com as suas altas falésias.

A Fajã da Caldeira de Santo Cristo é uma das mais emblemáticas de São Jorge e quando se conhece o lugar percebe-se bem o motivo. Guarda uma atmosfera de isolamento, mas, ao mesmo tempo, é acolhedora, protegida pelas altas arribas. Antes do sismo de 1980, que provocou grande destruição em São Jorge, a fajã era dotada de mais infraestruturas, como escola e mercearia, bem como mais população. Atualmente, só é habitada por oito pessoas de forma permanente. Contudo, ainda é possível sentir esta sensação de entrar noutro tempo quando se percorre os caminhos da fajã.

Aproveite para ir almoçar no único restaurante da fajã e e experimentar uma iguaria que só é possível encontrar nas águas da lagoa: as amêijoas. Estes bivalves desenvolvem-se na lagoa da fajã e são considerados um dos tesouros da ilha de São Jorge.

3. Ir até à Ponta dos Rosais e conhecer a história do farol abandonado

A Ponta dos Rosais fica no noroeste da ilha, a mais de 200 metros acima do nível do mar. Por uma estrada de terra batida, ladeada de vegetação, as cores da paisagem começam a mudar. É um sítio deserto, sem construções. Aí vamos perceber porque é que a São Jorge foi atribuída a cor castanha pelo escritor Raul Brandão. Um cenário de falésias vertiginosas e cheias de reentrâncias, santuário para muitas aves marinhas que ali nidificam.

Este farol abandonado fica num dos lugares mais fantásticos da ilha de São Jorge
Este farol abandonado fica num dos lugares mais fantásticos da ilha de São Jorge Falésias da Ponta dos Rosais créditos: Alice Barcellos

Por ali também é possível conhecer uma vigia da baleia, torre utilizada na altura em que se caçavam baleias nos Açores, atualmente, um miradouro espetacular para várias ilhas do arquipélago (Pico, Faial, Graciosa e Terceira) – se o tempo assim o permitir; e contemplar a beleza do Parque Florestal das Sete Fontes, um bom sítio para um piquenique.

Mas o que chama mais atenção é o farol abandonado no topo do promontório da Ponta dos Rosais. Quando foi inaugurado, a 1 de maio de 1958, era o farol mais tecnologicamente avançado da rede portuguesa. Além da torre com 27 metros de altura, foram construídas outras infraestruturas que permitiam a subsistência de seis famílias de faroleiros que ali se estabeleceram. Contudo, devido ao sismo de 1980 o farol foi abandonado pois toda a zona se tornou uma área instável. Leia aqui mais sobre este lugar.

Este farol abandonado fica num dos lugares mais fantásticos da ilha de São Jorge
Este farol abandonado fica num dos lugares mais fantásticos da ilha de São Jorge Farol da Ponta dos Rosais créditos: Alice Barcellos

4. Dar um mergulho na Poça Simão Dias

Uma das atrações mais conhecidas da Fajã do Ouvidor é a Poça Simão Dias. O acesso é feito a pé a partir de um pequeno trilho construído entre as pedras negras.  Quando lá chegamos, os nossos olhos são imediatamente atraídos para as águas cristalinas destas piscinas naturais, rodeadas por colunas verticais de basalto, as chamadas disjunções prismáticas que ocorrem durante as escoadas lávicas.

Poça Simão Dias
Poça Simão Dias Poça Simão Dias créditos: Alice Barcellos

Uma paisagem que demonstra o esmero da mãe natureza em criar lugares surpreendentes. Se o tempo e o mar assim o permitirem, o mergulho é obrigatório. Leve óculos para observar o fundo do mar.

5. Beber um café na Fajã dos Vimes

A ilha de São Jorge é considerada o único do sítio da Europa onde se cultiva café. E para experimentá-lo terá de descer à Fajã dos Vimes. É na propriedade da família Nunes que encontramos a plantação de café.

Fajã dos Vimes
Fajã dos Vimes Café a secar ao sol na Fajã dos Vimes créditos: Alice Barcellos

Foram emigrantes açorianos que trouxeram o café do Brasil em 1720. Manuel Nunes expandiu a plantação quando comprou o primeiro terreno, há mais de 40 anos. O tempo foi passando, os pés de café foram crescendo e, hoje em dia, conseguem produzir 450 quilos de café da variedade arábica (números de 2019). Pode ir ao café da família Nunes degustar uma chávena desta deliciosa bebida produzida de forma totalmente artesanal.

6. Subir ao Pico da Esperança

Com 1053 metros de altitude, o Pico da Esperança é o ponto mais alto da ilha de São Jorge. É uma montanha vulcânica inserida na cordilheira central da ilha, sendo que neste percurso vai poder apreciar vários cones de vulcões que correspondem a outros picos, além de poder apreciar (se o tempo permitir) outras ilhas do grupo central.

Pico da Esperança
Pico da Esperança Pico da Esperança, São Jorge créditos: José Luís Ávila Silveira/Pedro Noronha e Costa

Para conhecer o Pico da Esperança pode percorrer o trilho PR4 SJO - Pico do Pedro - Pico da Esperança - Fajã do Ouvidor.

7. Passear pela pitoresca vila de Velas e apanhar um barco para outra ilha

Sede do município com mais população da ilha, Velas está encostada ao Morro de Velas e tem também vista para o Morro de Lemos. É uma vila encantadora, com um pequeno centro histórico, marcado pelo porto, Igreja Matriz e Jardim da República, com o seu coreto vermelho e branco, e bancos onde os jorgenses se encontram para conversar.

Velas, São Jorge
Velas, São Jorge Velas, São Jorge créditos: Alice Barcellos

Há duas zonas balneares e um arco lávico espetacular para contemplar. Ponto de chegada ou de partida para quem vai apanhar o barco para outras ilhas açorianas, sugerimos que também o faça pois a partir de São Jorge pode chegar facilmente às outras duas ilhas do Triângulo: Faial e Pico.