Foto: Travellight e H.Borges
Não sabia exatamente o que esperar quando o barco movido a energia solar começou a deslizar, silencioso, pelas águas do Parque Natural da Ria Formosa, mas rapidamente percebi que o passeio não ia dececionar...
Abrangendo uma área com cerca de 18.000 hectares, a Ria é uma das zonas protegidas mais importantes de Portugal e está classificada desde 1980 como zona húmida de importância internacional.
Protegida da força do mar por um cordão de bonitas penínsulas e ilhas barreira, a Ria Formosa é composta por caniçais, sapais, salinas, zonas de vaza e pinhais, e especialmente no período compreendido entre a maré baixa e a meia maré, é possível observar aqui uma grande variedade de aves aquáticas.
De facto, à medida que o barco avançava tranquilamente por entre canais, bancos de areia e pântanos, a natureza começou a revelar-se: primeiro apareceu um ostraceiro, pouco depois maçaricos, mais à frente pilritos, borrelhos e garajaus.
Também observei aves de maior porte, como a garça branca, a solitária garça real, cegonhas, corvos marinhos e flamingos.
Durante o outono e inverno, a Ria Formosa é uma área de concentração de milhares de aves como o pilrito-de-bico-comprido, a seixoeira, alfaiates, ostraceiros, pilritos-de-peito-preto e pilritos-pequenos, entre outros. Outras espécies interessantes de aves invernantes são o flamingo, a íbis-preta, o colhereiro, o peneireiro-cinzento, o garajau-grande, o pisco-de-peito-azul ou o mais raro chapim-de-mascarilha. Nos últimos anos, a gaivota-de-bico-fino também tem sido avistada na zona.
As aves nidificantes incluem o camão, o garçote (para estas recomenda-se a observação a partir do observatório da Quinta do Lago), a garça-vermelha, a perdiz-do-mar e a gaivota-de-audouin.
As ilhas-barreira albergam grandes colónias de chilretas, aves que podem ser vistas regularmente a pescar nos baixios, e também uma pequena população de alcaravão.
Nos pinhais situados na zona envolvente, podem ser encontradas espécies como o pica-pau-malhado-grande, o picanço-barreteiro ou o papa-figos.*
Vi apenas uma pequena fração das espécies que por aqui habita e que por aqui passa. O tempo foi infelizmente muito curto e a observação de pássaros, já se sabe, exige calma e paciência. Não se pode ficar prisioneiro da ditadura do relógio.
Ainda assim foi um passeio maravilhoso, que me recordou como é belo o lado mais natural do Algarve e me deixou cheia de vontade de regressar.
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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