As cascas são justapostas ao linho através de linhas e produzem um efeito decorativo invulgar. As cascas são usadas nos dois lados e por vezes sobrepostas. Deste modo consegue-se um efeito de contraste entre o castanho escuro e os tons mais claros.
Ainda há artesãs em Marvão que dão continuidade a este saber que é transmitido de geração em geração.
Ana Lúcia Carrilho também aprendeu a fazer. Trabalha o linho com cuidado e o corte da casca de castanha com a tesoura também requer muita técnica para se conseguir, por exemplo, um desenho floral.
A altura do ano e a humidade são também relevantes na produção dos bordados. Na altura do calor é mais difícil. Convém humedecer a casca para ganhar flexibilidade e também ter cuidado para não sujar o linho. Pode parecer que a casca da castanha se degrade ao fim de algum tempo mas consegue-se evitar a erosão. Conforme diz Ana Lúcia Carrilho, “os quadros no museu provam a sua longevidade.”
Os quadros mais antigos são reveladores também de outra utilização no passado e que entrou em desuso conforme recorda Felicidade Tavares do Turismo de Marvão: “eu queria oferecer-lhe uma prenda. Utilizava uma fotografia minha ou sua e era emoldurada com o bordado.”
No Museu de Marvão encontra-se um quadro antigo onde se revela esta utilização. Na Casa da Cultura de Marvão também podemos ver vários quadros. O trabalho minucioso feito por algumas artesãs.
Os quadros mais pequenos são quase todos com temas florais. Aqui também vendem e o preço ronda os 25 euros.
Os quadros maiores são produzidos por encomenda porque levam vários dias a fazer.
Em contacto, por exemplo com o Turismo de Marvão, é possível agendar com artesãos para ver como se faz. Diz Felicidade Tavares que “há uma nova geração que está a inovar e a reinventar os bordados e é possível assistir ao vivo e ver como se faz.”
A forma tradicional, no ambiente familiar, e que está na origem do ritual, já não existe. “Já data das nossas avós e bisavós em que, outrora à luz do candeeiro, tiravam as cascas das castanhas que comiam assadas nos magustos ao lume, em conversas de serão. Depois, muito calmamente iam bordando. Tiravam a casca, humedeciam, cortavam e depois aplicavam num tecido.”
A abundância da castanha nesta zona do Parque Natural da Serra de S. Mamede também ganhou gosto na gastronomia. Antes da batata, era a base do puré e mais recentemente teve uma versão na doçaria. É o pastel de castanha.
Parece uma barcaça que no centro guarda um creme feito de castanha.
Bordar com casca de castanha faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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