É mais uma aldeia marcada pelo couto mineiro das Minas da Panasqueira. Está a poucos quilómetros das minas de volfrâmio e muitas gerações da Barroca encontraram aí o seu único sustento.

Deixaram a agricultura de subsistência e passaram a ser mineiros. Esta é uma das marcas da aldeia ao longo das últimas décadas.

Rui Simão, director executivo da ADXTUR, Associação para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias de Xisto, adianta que os visitantes e os 200 habitantes da aldeia facilmente detectam esta relação com o património mineiro e com a memória da mina que funcionou como um dínamo cultural e social da Barroca.

Minas da Panasqueira
Minas da Panasqueira Cabeça do Pião créditos: andarilho.pt

Por isso, não é de estranhar a relação de amor/ódio que os residentes têm com a mina. "A mina não trouxe apenas agressão ambiental e danos sociais e ecológicos. Originou também a abertura ao mundo, modernidade e pensamento científico".

Esta relação dual verifica-se, por exemplo, quando estamos junto a um bonito espelho de água. Onde o rio Zêzere se espraia num açude. No alto da serra vemos uma pirâmide das escombreiras do Cabeço do Pião. Como se fosse um monte gigante de terra revolvida pelo homem. Ao longo da encosta a paisagem muda radicalmente.

Barroca
Barroca créditos: andarilho.pt

Na encosta mais próxima predomina o verde do olival e à nossa frente a serenidade e a beleza do Zêzere. Bonito, mas sem peixes. “Devido à mina nunca tivemos peixes. Há cerca de três anos apareceram alguns mas depois deixou novamente de haver.” As palavras são de Rogério Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia.

Minas da Panasqueira
Minas da Panasqueira Escombreira em redor de Barroca Grande créditos: andarilho.pt

Antes de emigrar andou uma década nas minas. Nunca mais lá regressou e pelas palavras seguintes percebe-se o que lhe vai na alma: “na altura em que trabalhava nas minas como motorista havia muitos mineiros da Barroca. As viúvas da aldeia são de homens que andaram nas minas. Naquela altura trabalhavam a seco, com muito pó e morriam aos 45, 50 anos.”

Barroca
Barroca créditos: andarilho.pt

Percorremos a aldeia e são poucos os habitantes. A maioria são idosos mas Rui Simão diz que Barroca não chegou a um ponto de ruptura, nem após o encerramento da escola. A instalação da sede da ADXTUR na Barroca também contribuiu.

Barroca
Barroca Casa Grande créditos: andarilho.pt

Estão num edifício de granito, na Casa Grande ou Casa Fabião. Neste prédio funciona ainda a Junta de Freguesia e o Centro de Interpretação das Gravuras do Poço do Cadeirão.

Barroca
Barroca créditos: andarilho.pt

São figuras de três cavalos e duas de cabras, do paleolítico. Estão gravadas em pedras junto ao rio Zêzere. É um dos percursos pedestres em tempo pouco chuvoso. No Centro pode ver fotografias e informação sobre as gravuras.

Barroca: a aldeia de xisto do Fundão que carrega a herança mineira faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.