Estão em exposição 52 imagens seleccionadas por Alfredo Cunha. Constituem uma visão universal do mundo contemporâneo através do olhar humanista, como o próprio autor se classifica. “É o meu olhar de fotógrafo. Eu classifico-me apenas como um fotógrafo humanista, mais nada.
É um testemunho de acontecimentos, um retrato de pessoas e é uma visão própria, que é a minha, deste tempo.”
No preto e branco a sensibilidade do autor exprime uma enorme tonalidade de sentimentos e emoções. A paixão, a brutalidade da guerra e o horror. O gesto simples da rotina do trabalho ou a troca de afectos. Imagens de Portugal, do Iraque, Moçambique e de muitos outros lugares.
Uma geografia alargada que confluiu num olhar universal e de sentimentos que dão vida às imagens. No meu caso, sou tocado pela amargura e ansiedade. Alfredo Cunha junta a felicidade. “Todo o tempo é de amargura, ansiedade e felicidade. Têm uma coisa em comum. São momentos, picos. Compreender isso, fotografar esses picos de ansiedade, amargura ou felicidade, é o que distingue um fotografo. É conseguir compreender a acção e a emoção. Nesta exposição está uma das fotografias onde se vê mais felicidade. É de Moçambique, um miúdo com três cães ao colo. É um retrato de felicidade. É uma das melhores fotografias que eu tirei”.
Jeremias está eternamente feliz no nosso olhar, como também as duas crianças que saltam para a água, na fotografia que está ao lado na exposição. Aqui não há tempo, nem presente, nem passado. Ao contrário de outras que apelam à ação ditada, por exemplo, pelo vazio de humanismo.
“Encontramos na exposição a beleza e o drama. Está cá a guerra e a felicidade. Tem a ver com a minha visão. Eu vivo muito e fotografo muito nestes dois registos: a grande tensão e também a grande felicidade.”
A exposição na Casa da Imprensa, em Lisboa, pode ser vista até 3 de junho e a entrada é gratuita.
Alfredo Cunha “um fotógrafo humanista” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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