É dos poucos casos conhecidos de um monumento megalítico ter aproveitamento doméstico, inclusive ter servido de lareira.
No testemunho de Feliciano Minhoca “os miúdos daqui faziam lá lume, no inverno, para se aquecerem. Eu não porque quando vim para aqui tinha 39 anos.”
Feliciano Minhoca é o único residente permanente da pequena rua onde se encontra a anta. Chama-se Rua Esquerda. “Antes era o Monte do Estanque. Há muita gente que vem ver a anta, até estrangeiros. Alguns ficam admirados.”
Depois de dobrarmos a última casa da rua, deparamo-nos com a anta num canto de uma habitação com paredes brancas e linhas azuis. O granito, a pedra bruta dos sete esteios, faz um grande contraste.
A entrada do antigo espaço funerário tem cerca de metro e meio de altura.
No interior consegue-se ver facilmente os esteios originais que deverão ter mais de 5 mil anos. Algumas pedras fecham os intervalos entre os esteios.
No chão encontram-se objetos domésticos, o que leva a supor que sirva para depósito caseiro.
A anta está classificada como Sítio de Interesse Público e não muito longe, num terreno, está outra, maior, a Anta Grande da Comenda da Igreja.
Para se chegar à rua Esquerda, à Anta do Estanque, a referência é uma escola primária, talvez construída na década de 50, na memória de Feliciano Minhoca, que veio para S. Geraldo com o pai.
“Trabalhava-se no campo de sol a sol. Nas searas, semeava-se trigo ou cevada. O pessoal daqui trabalhava todo no campo."
Quando da nossa visita as ruas estavam quase desertas e a escola tinha 3 a 4 crianças.
“Está quase tudo desabitado. Nesta frontaria só estou eu.”
São Geraldo é um pequeno povoado. No meio do casario destaca-se o campanário da igreja que terá sido construída no século XVI.
A aldeia faz parte do roteiro Levantado do Chão, baseado no livro de José Saramago, que tem algumas passagens por São Geraldo.
A singular Anta do Estanque faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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