Caldeirão do Corvo
A Ana no Caldeirão da ilha do Corvo. créditos: Ana C. Borges

A Ana é o tipo de viajante para quem uma viagem só termina depois de escrever sobre o que viu e a impressionou em cada sítio por onde passou. A Ana viaja para aprender e isso é imediatamente evidente em qualquer crónica sua, seja no seu blog ou aqui no SAPO Viagens. Fomos conhecê-la um pouco melhor.

1. Como/quando começou o “bichinho” das viagens?

Começou aí pelos meus 7-8 anos, em viagens de carro por Espanha com os meus pais. Mas o maior “culpado” foi um livro que eles compraram, editado pelas Selecções do Reader’s Digest e cujo título é, precisamente, “O Grande Livro das Viagens”. Fiquei fascinada com os artigos sobre lugares de que eu nunca tinha ouvido falar. Não sei o que é feito desse livro, deve andar perdido na casa deles, mas há uns anos descobri um outro exemplar num alfarrabista, e tive de o comprar.

2. Além de viajar, gosta muito de…

Conviver. Ler. Passear a pé. Escrever. Dançar. Fotografar. Por esta ordem.

3. Quantos países já visitou?

Esta resposta pede que puxe pela memória, porque ainda não os tinha contabilizado. Não tenho como objectivo coleccionar países, apenas viajo consoante me apetece. Há países em que já estive muitas vezes, em vários locais, ou que percorri mais ou menos de uma ponta à outra, e há outros de que só conheço uma cidade, por exemplo. Mas creio que já estou a ultrapassar as três dezenas.

4. Viagens mais marcantes e porquê?

Cada viagem deixa uma marca especial, e muitas das que já fiz foram verdadeiramente memoráveis, cada uma pelas suas razões. Mas há duas (até agora) que foram especialmente importantes. Uma delas foi há uns anos na Costa Rica, por ter sido a primeira viagem grande que fiz de forma independente, organizada por mim e sem recurso a agências de turismo; e também por ser um país maravilhoso, onde o contacto com a natureza em estado quase bruto é fácil e constante. E a que fiz há dois anos à Islândia, em plena pandemia, também de forma totalmente independente (agora viajo sempre assim, ao meu jeito). É outro país magnífico, em que a natureza se sobrepõe a tudo o resto, e visitá-lo numa altura em que tinha pouco turismo fez com que a experiência fosse muito melhor do que estava à espera.

5. Destino a que quer regressar e porquê?

São tantos que é difícil escolher. Quero sem dúvida voltar a Bolonha e a algumas localidades da Toscana onde estive no ano passado, porque adoro a Itália – pelas pessoas, pela cultura, pela comida, pelas paisagens – e quero poder usufruir com mais calma de alguns ambientes dos quais gostei particularmente. Tenho também muita vontade de voltar à ilha do Príncipe, que visitei este ano mas por menos tempo do que queria. Fiquei rendida aos encantos da ilha e das pessoas que lá vivem.

6. Próximos destinos e expectativas?

Estou nesta altura a começar uma viagem de três semanas para conhecer Buenos Aires e parte da Patagónia argentina e chilena. Suspeito que vai ser ainda melhor do que estou à espera. Para o próximo ano ainda não tenho planos, mas provavelmente uma das viagens que fizer irá envolver comboios. Gosto muito de viajar de carro, pela liberdade que me oferece, mas de há uns tempos para cá tento privilegiar os transportes colectivos sempre que possível, e há viagens de comboio que são, só por si, uma experiência.

7. Dica de viagem mais valiosa que pode dar?

Planear, mas não demasiado. Deixar espaço para o imprevisto – no bom sentido. É bom ter um plano, em particular quando o tempo para viajar está limitado aos dias de férias que nos são permitidos, ou a um orçamento que não convém deixar derrapar. E também para não correr o risco de passar ao lado daquele sítio espectacular que vale mesmo a pena visitar (e mesmo com um bom plano, às vezes acontece…). Mas há que deixar espaço para que as surpresas venham ao nosso encontro. Aquele lugar de que gostamos tanto que nos apetece ficar por lá mais uns dias; ou o outro de que nunca ouvimos falar mas foi recomendado por alguém que conhecemos entretanto; ou ainda outro que nos apareceu numa curva do caminho e parece ser interessante. Frequentemente, são estas surpresas que dão mais sabor a uma viagem e ficam na nossa memória durante mais tempo.

8. Lugar preferido em Portugal?

É uma pergunta injusta, porque o nosso país tem centenas de lugares tão interessantes que estar a destacar só um em detrimento dos outros é extremamente difícil. Ainda assim, e entre tantos de que gosto particularmente, posso destacar um onde costumo dizer que não me importava de morar: a ilha açoriana das Flores, e em especial a Fajã Grande. Todo aquele verde, o mar, a tranquilidade, as belezas meio escondidas, a simpatia das pessoas… Para mim foi uma daquelas paixões à primeira vista, sem explicação. É mais outro dos sítios aonde tenho de regressar.

Obrigado, Ana!

A Ana é a autora do blog Viajar porque sim, que também está no instagram, e colabora com o SAPO Viagens.