Atualmente, a terceira maior cidade de França, Lyon é famosa pela sua gastronomia, arquitetura e eventos culturais. Da Cidade Velha, com a Basílica de Notre-Dame de Fourvière empoleirada no topo da colina, oferecendo vistas soberbas para a cidade, ao antigo teatro romano, museus e murais contemporâneos, Lyon é, por si só, um testemunho da história e do tempo.

A colina que reza

Desde o período mais remoto da história da cidade, a colina de Fourvière - a colina que reza - tem desempenhado o papel de centro cultural de Lyon, bem como um local de culto e espiritualidade. No topo, a Basílica de Notre-Dame de Fourvière empoleira-se sobre a cidade, proporcionando uma vista única sobre Lyon e a sua intrincada teia de ruas e edifícios, numa perspetiva que se estende até ao Monte Branco. Para alcançar o topo poderá utilizar o funicular e poupar as suas pernas para as caminhadas que se seguem.

No percurso descendente, faça uma visita ao teatro romano, património herdado das origens romanas da cidade. Criado por Augusto no século XVI a.C., o Teatro Grande é o mais antigo do seu género em França e podia albergar mais de 10.000 pessoas. Aí eram interpretadas tragédias e comédias, enquanto o teatro mais pequeno, o Odeon, estava reservado a oradores políticos e filósofos, espetáculos musicais e leituras. Todos os verões é ainda utilizado como recinto cultural no contexto do Festival Noites de Fourvière.

A antiga Lyon

No sopé da colina, encontra-se a Vieux-Lyon, o bairro mais antigo da cidade, com as suas ruas de paralelos irregulares, casas pitorescas, a bela catedral medieval de São João Batista, restaurantes, lojas e as muitas passagens escondidas, conhecidas como traboules. Derivado do latim, as traboules são passagens entre edifícios que ligam diretamente uma rua a outra. Estes acessos facilitavam o acesso ao rio, configurando-se como uma passagem protegida para artesãos e comerciantes têxteis - uma indústria de grande relevo para a cidade desde a Idade Média. Hoje apenas alguns traboules estão abertos ao público, visto que a maioria encontra-se hoje sob propriedade privada. Um verdadeiro lionês conhece ao pormenor a rede de traboules, mas os visitantes poderão seguir as placas azuis, encontradas em toda a Vieux-Lyon e na colina de Croix-Rousse.

A colina que trabalha

De frente à colina de Fourvière, no lado oposto do rio Saône, encontra-se a colina de Croix-Rousse, em tempos o coração da indústria têxtil da cidade. Hoje é uma zona cosmopolita, com diversos restaurantes e lojas, bem como um mercado famoso, que tem lugar de terça a domingo, na praça central no topo da colina. Do pão aos queijos e enchidos, frutas e legumes, bem como bancas de gastronomia internacional e belas vistas sobre a cidade, há algo para todos os gostos.

Do sopé da colina de Croix-Rousse à confluência dos rios Rhône e Saône, encontra-se o coração de Lyon: Presqu'île, uma estreita faixa de terra entre os dois rios, onde se encontram vários edifícios do governo, a par de instituições culturais, lojas de luxo e armazéns.

Basílica de Notre-Dame de Fourvière
Basílica de Notre-Dame de Fourvière Basílica de Notre-Dame de Fourvière créditos: David Izquierdo | Dreamstime.com

O coração de Lyon

A área classificada pela UNESCO que circunda a central Place des Terreaux transborda de edifícios históricos, como o Hôtel de Ville - os Paços do Conselho de Lyon, construídos no século XVII - a bela Ópera de Lyon e o Museu de Belas Artes da cidade, instalado num antigo convento beneditino.

Desde a Antiguidade até à arte moderna, o museu abriga uma vasta coleção de pinturas, esculturas, objetos decorativos, moedas e metais, bem como um belo jardim no centro do antigo claustro do convento.

Por amor à arte

Os amantes do cinema não podem deixar de visitar o Museu Lumière, que é, afinal de contas, o berço do cinema. A família Lumière era proprietária de uma empresa de fotografia onde os irmãos Louis e Auguste Lumière trabalhavam. A dupla começou a fazer as primeiras experiências no mundo da cinematografia no início dos anos de 1890, quando patenteou vários processos importantes que conduziram à criação da sua câmara. O cinematógrafo era uma máquina de filmar e projetar que permitia sobrepor várias imagens em sequência. Embora os irmãos Lumière não tenham sido os primeiros inventores a debruçar-se sobre esta área, foram os primeiros a desenvolver um projetor comercialmente viável.

A par de Berlim, Lyon é também a capital europeia dos murais. Centenas de murais decoram as paredes de Lyon e podem ser encontrados um pouco por todo o centro da cidade. O mais famoso é o Fresque des Lyonnais, que ocupa toda a fachada de um edifício da beira-rio e retrata trinta personalidades nascidas em Lyon, incluindo os irmãos Lumière, o escritor e autor de “O Pequeno Príncipe”, Saint-Exupéry, entre outros.

Para um toque moderno, percorra o rio até à zona da Confluence, uma área recém-construída beirando o Rhône, com uma arquitetura deslumbrante que contrasta com a Vieux-Lyon, transmitindo a sensação de uma cidade em constante mudança, com um pé no seu passado rico e outro assente no futuro.

Com os pés na relva

Para poder desfrutar da natureza dirija-se ao Parque Tête d'Or, no norte de Lyon. Considerado o pulmão-verde da cidade, o parque estende-se por 105 hectares de relvados verdes e lagos. Sendo uma das maiores áreas verdes urbanas do país, é ideal para um piquenique ou uma corrida matinal, assim como um ótimo lugar para crianças, que aqui poderão desfrutar de um pequeno jardim zoológico de entrada-livre e parques infantis. É também o cenário perfeito para a comemoração de uma data especial ou um simples passeio no parque.

Por falar em relva, o recém-inaugurado Stade de Lyon veio substituir o anterior Stade de Gerland, casa do Olympique Lyonnais, integrando um complexo que se estende por 50 hectares e que inclui instalações de treino, hotéis e edifícios de escritórios. Lyon é a casa de um dos clubes de futebol mais populares em França, com uma história recente de vitórias, assim como uma equipa feminina muito bem sucedida, cujas vitórias ultrapassaram as dos seus homólogos masculinos.