A condição humana, o poder do erotismo e da melancolia, os prazeres e as crises emocionais da vida moderna (particularmente no que diz respeito às relações entre homens e mulheres) foram a inspiração principal de Gustav, que regressou à Noruega depois de uma existência boémia na Europa, durante a qual visitou várias vezes o estúdio em Paris de August Rodin.
A influência do grande mestre francês é percetível em toda a sua obra, assim como o é a influência da mitologia clássica, da Bíblia e da Divina Comédia de Dante.
História do Parque
Vigeland já era um escultor bastante famoso e promissor quando começou a trabalhar, por encomenda do governo norueguês, no Parque Frogner. A ideia era criar uma ou duas peças para instalar no parque, mas em 1921 deu-se um ponto de viragem importante. Nesse ano, as autoridades municipais decidiram demolir a casa em Oslo, onde vivia e trabalhava o artista. Teve então lugar um longo processo no tribunal que terminou com a decisão de atribuir outra casa e parte do terreno de Frogner a Gustav, mas com a condição de que todos os trabalhos futuros do mestre pertencessem à cidade. Foi assim que nasceu o parque de Gustav Vigeland.
Nos 20 anos seguintes e até à sua morte, o escultor criou um verdadeiro museu ao ar livre, composto por mais de 200 obras, que ocupa uma área impressionante de 30 hectares e constitui hoje uma das atrações turísticas mais populares da Noruega. Todas as peças foram modeladas em barro pelo próprio artista e estão preservadas no museu do parque.
A Coleção
A coleção está dividida em cinco grupos: o Portão Principal, a Ponte, a Fonte, o Monólito e a Roda da Vida.
As esculturas impressionam. São estudos sublimes do corpo humano em toda a sua glória e simplicidade. Mulher, homem, criança, jovem, velho…
Estão nuas, em poses e situações variadas — das mais quotidianas às mais surreais — desde um casal a abraçar-se ou uma criança a fazer birra até a um homem a lutar violentamente contra um bando de bebés.
Transmitem movimento, sensibilidade, emoção. São fortes, mexem connosco. Celebram a humanidade naquilo que ela tem de melhor e de pior.
Nem todos veem o mesmo quando olham para as esculturas. Alguns veem alegria; amor; paixão; erotismo; carinho, maternidade, a sabedoria do idoso a ensinar o jovem; a luta pela perfeição… outros veem loucura; violência doméstica; ambição desmedida; abuso infantil; o stress da maternidade, a raiva; a inveja; o homem preso na roda da vida, correndo sempre sem chegar a lado nenhum; a luta cruel pela sobrevivência…
... Outros, vão ver tudo isso e muito mais, porque a espécie humana é tudo isso e muito mais.
A Fonte é um dos mais notáveis trabalhos que podemos observar no parque. É uma estrutura magnífica cercada por 20 estátuas, cada uma representando um estágio diferente da vida humana, da infância à morte.
O monólito, situado num planalto elevado acima do parque, é talvez a figura central de toda a instalação. Como o nome sugere, a escultura é uma enorme coluna de granito de 46 metros de altura que retrata 121 figuras subindo e lutando entre si para chegar ao topo.
Este parque é, quanto a mim, um dos mais belos passeios que podemos fazer em Oslo.
"Fui escultor antes de nascer. Fui impelido e açoitado por forças poderosas fora de mim. Não havia outro caminho e, por mais que tentasse encontrar um, teria sido forçado de volta."— Gustav Vigeland
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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