Conhecida como “Cidade Silenciosa”, Mdina foi capital de Malta até ser substituída por Birgu, e depois, em 1570, por Valeta. Ao chegar à cidade, qualquer fã de Game of Thrones fica maravilhado ao perceber que irá entrar em King’s Landing, revivendo uma imagem da primeira temporada da série.

A cada passo dado, fica mais evidente o motivo pelo qual escolheram Mdina para gravar a série. Não são necessários adereços nem produção, a cidade é mesmo assim, com uma aura medieval que faz com que pareça saída de um livro, de um filme ou de uma série. Mdina não parece real, não parece estar no século XXI como o resto de Malta, muito pelo contrário, parece mais natural encontrar carruagens puxadas a cavalos do que carros a motor.

As ruas são estreitas e silenciosas, mesmo com muitos turistas, reina a calma e ausência de barulho. Apenas os carros dos moradores podem passar os muros de Mdina e a cidade tem menos de 300 habitantes. As casas passam de geração em geração, numa espécie de aristocracia onde ninguém mais pode penetrar.

Enquanto caminhamos por um labirinto de ruas enfeitadas com flores e com placas de madeira rústica, saídas de um conto de fadas, não nos sentimos numa cidade europeia. Mdina é um mundo à parte, nem europeia, nem árabe e muito pouco contemporânea. Não há uma lista de monumentos ou pedaços de ruínas assinalados num mapa para nos transportar ao passado, em vez disso, toda a cidade é uma máquina no tempo, toda a cidade merece a nossa atenção. Um verdadeiro museu ao ar livre que, mesmo sem caracterização, é sempre um cenário de conto de fadas, de filmes medievais e de romances históricos.

As muralhas fortalecidas durante a ocupação árabe, após 870, separam a cidade, não só de Rabat, mas do resto mundo que parece não exercer qualquer influencia sobre ela. De facto, parece que muito pouco mudou desde a Idade Média. Os árabes foram expulsos em 1250, mas o nome da Mdina permaneceu, dado a partir da palavra Medina. Já no século XVII, um terramoto destruiu grande parte da cidade, tendo esta sido reconstruída pelos Cavaleiros de São João que inseriram o estilo barroco numa cidade que mistura muitos estilos, numa representação visual da sua história rica, presente a cada passo dado.

Se fosse outra cidade, poderíamos fazer uma lista de locais imperdíveis que todos os turistas precisam visitar. Incluiríamos a catedral de S. Paulo, o museu, os palácios e os mosteiros. Mas em Mdina não é assim. Mdina não é uma cidade onde os turistas podem ir simplesmente para visitar uma lista de monumentos predefinidos. Mdina vale por si só, pelas ruas, pelas esquinas, pelas pequenas placas de madeira que indicam a direção, pelo silêncio, pelas pessoas e por um ambiente que não pode ser explicado. Mdina não é para ser visitada, é para ser vivida.

O SAPO Viagens visitou Malta a convite do Turismo de Malta

Publicado originalmente a 1 de outubro de 2018 .