O que vai encontrar e querer contar quase sem fôlego sobre Costa Rica (a capital, essa pode saltar ou fazer um quick stop): a natureza, os animais selvagens, as praias de areia escura (a Sul, Puerto Jiménez) ou areia branca (a Norte, em Manuel António), as “rainforests” e a amabilidade das pessoas. Sugiro que escolha ir pela rota Panamá pois o voo de Portugal-CR (San José) é muito mais dispendioso. De Panamá até Costa Rica faz um trajeto curtíssimo e ainda pode aproveitar para conhecer Panamá. Sou adepta de conhecer o mundo em ‘quantidades industriais’. Rotas longas atravessando países. Porque não atravessar a América Central? San José, capital de Costa Rica, é um dos aeroportos por onde mais parará se escolher cirandar pela América Central.

Quando aportei ali perto do Pacífico, com a mistura do Atlântico nos fins de tarde de Costa Rica… fiquei extasiada com o principal objetivo que coloquei no meu itinerário: visitar a floresta com a biodiversidade mais procurada no Mundo segundo o National Geographic.

Floresta tropical da Costa Rica
créditos: Unsplash

O nosso fuso horário ajuda a que nos levantemos às 4h da manhã com um farnel bem guarnecido e com o sonho nos olhos desejosos de começar a aventura. Em Costa Rica, o que vai sentir é isso mesmo: aventura. Tem guias completamente fiáveis e que tornam fáceis as caminhadas de horas e horas pelas trilhas da floresta do Corcovado. Só me apercebi que tinha caminhado 12 horas (e escolhi a Leona Tour, pois as tours mais escolhidas e completas envolvem mais horas e que podem ir até três dias) quando senti uma fome descomunal. Pode acampar na própria floresta e os preços não são baixos, efetivamente, mas valem cada euro, cada momento.

Vou focar o Corcovado National Park pois foi a minha aposta, além das praias, nessa viagem. É que consegue ver animais que dificilmente vê noutros sítios do Mundo. E cruza-se com um puma, por exemplo, sem receio. E uma pantera ou jaguar, difíceis de se mostrar, passam entre as folhagens como se fizessem cerimónia face a nós na sua própria ‘casa’. Não abuse, capte com a sua lente fotografias destes animais… mas não invada o espaço deles.

Os guias ajudam em tudo, algo muito interessante para poderem viver e postar nas vossas redes: peçam ao guia que tire fotografias com os vossos telemóveis ou máquinas coladas literalmente ao ‘olho’ do telescópio que todos os guias têm. Ficam imagens fantásticas porque captam os movimentos genuínos de animais que raramente voltarão a ver na vida. Acredite que o sentimento é vasto, é de orgulho: eu estive ali e vi aquilo de perto!

Costa Rica
créditos: Sandra Figueiredo

Decidi que seria uma viagem de retiro espiritual, às vezes precisamos de nos distanciar muito da rotina e estar próximos do que nos é mais natural: o selvagem, o desconhecido. E como exploradora que sou fui parando sozinha por recantos da floresta porque é absolutamente indescritível o cheiro da madeira e das flores a contrastar com o sentido mais salgado possível que vinha do mar bravo que batia ao lado da floresta. Nunca estive num sítio assim, li as descrições antes de ir. Escolhi a Ficus Tours, planeei as praias, escolhi Waleska’s Place a Sul… mas não planeei ser tão feliz e caminhar as 12 horas sem as sentir. Eu nunca fiz treino físico, mas o meu corpo pertencia ali. A minha mente abstraiu-se de Portugal e de tudo o que estava a sentir semanas antes. Recomendo como se fosse uma oração completa, a Ocidente.

À medida que ia fazendo a trilha, pisava galhos e flores que se iam escancarando e nada assustava. Houve animais a vir pedir comida ou que deslizavam um pouco das árvores e ficavam a mirar os turistas. O mar sempre a bater fortíssimo, nada pacífico e sendo o Pacífico, do lado esquerdo. Na ida. Na vinda, os animais pareciam mais recatados e cuidado com a desidratação pois vi pessoas a perderem esta aventura porque foram levadas ao hospital (pouco próximo) por não beberem líquidos como recomendado. Desmaiam literalmente, porque o corpo fica tão absorvido com aquele ambiente húmido que o cérebro parece nem avisar que estamos a entrar em estado alerta!

Sempre muito húmido, fui em Dezembro, em pleno Natal. Eles celebram tal como nós e não há menos turismo pela época, mas aconselho plenamente a qualquer pessoa. Vi imensas famílias com a escolha #puravida para o Natal de 2019! Vi outra família que não contava no Natal: as tartarugas e as suas novas crias ali na praia preciosa, a brotarem do mar para a areia e a começarem o seu novo ciclo de migração. Mesmo na frente do meu hotel. Intuí, naquele momento, que começou também um novo ciclo no Planeta. E não é verdade? COVID-19 é a maleita do novo ciclo necessário, um dia o entenderemos. Vi muito nethappiness… posso criar esta palavra aqui entre nós? É que foi o que aconteceu: troca de momentos felizes contados ali.

Praias de areia negra
créditos: Unsplash

Nos dias sem ‘rainforest’, caminhei pelo mar (cuidado para quem não é amante de surf, pois por ali é oceano desde a beirinha da praia), andei a cavalo, estirei-me por cima de troncos deixados ao acaso no areal. Comi algo muito simples de se fazer (agora faço cá!) e que me revigorou os sentidos: “pinto”. Comidas simples e muito económicas como: arroz, ovo frito e pouco mais num prato cheio. Servem a qualquer hora do dia!

Se estiver a Sul, ou seja, se quiser realmente contactar com a floresta mais desejada do planeta (em termos de biodiversidade) comece por Puerto Jiménez. Mas previna-se em ir primeiro aos grandes supermercados costa-riquenhos e leve comida para as acomodações. Mais, se aterrar naquele aeroporto, vai rir-se muito e não tem mal pois eles também se riem disto: o aeroporto pequeno de P. Jiménez é exatamente ao lado ou quase em cima do cemitério. O check-in também. E tem um bar e uma loja de souvenirs muito agradáveis neste conjunto bizarro. Bizarro para nós, normal para eles. Ali a vida e a morte são coisas simples, a natureza é divindade. Nós somos os curiosos que eles muito bem recebem sempre desta forma: “Hola! Pura Vida!”. Siga a rota acima e encontre-se com Costa Rica, mas guarde vários dias para explorar selva e praia. Não se vai cansar da vaidade de ter histórias, de lá, para contar.

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