Chama-se Aventura Solidária, é um projeto de viagens da AMI e este ano completa uma década de existência.

“Surgiu com a combinação de duas vontades: a de voluntários, que não são da área da saúde ou desenvolvimento, de partirem em missão por um certo período de tempo; a necessidade da AMI de financiar os seus projetos e estabelecer pontes entre populações da Europa e dos países em desenvolvimento”, explica ao SAPO Viagens Carina Almeida, responsável pelo projeto Aventura Solidária.

São viagens que representam uma forma de “turismo alternativo” que conseguem unir dois conceitos: viajar e fazer voluntariado.

Por um lado, os participantes podem cofinanciar – ao comprar a viagem – um projeto de desenvolvimento concreto num dos três destinos que fazem parte do roteiro da Aventura Solidária. Por outro lado, os viajantes participam em atividades de lazer organizadas pelas populações locais, vivenciando experiências únicas em viagem.

Os destinos

O projeto foi lançado em 2007 e teve como primeiro destino o Senegal. Em 2009, juntaram-se Guiné-Bissau e Brasil.

Aventura Solidária
Aventura Solidária Primeira Aventura Solidária no Senegal, em 2007 créditos: AMI

No Senegal, os viajantes rumam até Réfane, uma comunidade a 130 km da capital Dakar, com cerca de 22 mil habitantes, constituída por pequenos aglomerados rurais.

A Ilha de Bolama é o destino na Guiné-Bissau. Localizada no Arquipélago de Bijagós, com cerca de 9 mil habitantes.

No Brasil, é o Município de Milagres, no estado do Ceará, que recebe a ajuda da Aventura Solidária. Fica a 485 km da capital do estado, Fortaleza, e tem cerca de 31.643 habitantes.

A viagem

A Aventura Solidária tem a duração de 9 dias/8 noites.

Os preços variam de viagem para viagem mas já incluem as passagem aéreas, transportes, alimentação, alojamento, seguro, visitas guiadas e atividades de lazer. Para se ficar com uma ideia, a Aventura Solidária deste ano ao Brasil (de 23 junho a 2 de julho) teve um preço de 1950 euros por participante.

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Nos primeiros dias da viagem, os participantes dedicam 4 horas diárias ao trabalho de voluntariado. Normalmente, são realizados trabalhos de finalização dos projetos financiados (pinturas, limpezas, apoio social, trabalho agrícola, entre outros).

Cada aventura tem um objetivo definido. Por exemplo, a construção de uma escola básica, em Bolama, a reabilitação de um centro de saúde, em Réfane, ou o apoio ao hospital e à maternidade de Milagres.

Nos restantes dias, os viajantes podem conhecer a cultura local, através de convívio com as populações, visitas a locais de interesse, apresentação de danças tradicionais, workshops de artesanato, caminhadas, entre outras.

Aventura Solidária
Aventura Solidária Aventura Solidária na Guiné-Bissau créditos: AMI

A experiência

É possível conciliar o trabalho voluntariado com o turismo, mas uma aventura solidária é muito mais do que uma simples viagem.

“Os aventureiros solidários têm uma opinião unânime: numa aventura solidária é muito mais o que recebem do que o que dão. É uma experiência única, mesmo para quem viaja muito, e que marca para a vida. No regresso voltam sempre de ‘coração cheio’, com um forte sentimento de plenitude, de gratidão e de saudade”, refere Carina Almeida.

“A Aventura Solidária é algo que enche o coração, dando-nos as melhores experiências da vida. Nela podemos conhecer uma realidade diferente que, apesar de com menos bens materiais, nos ensina muito ao nível sentimental. Esta aventura dá-nos também a oportunidade de tornar a vida de alguém melhor (mesmo que só um pouco) e conhecer culturas lindas”, pode ser lido no testemunho de Tânia Ambaram, uma das participantes da X Aventura Solidária Guiné-Bissau, 2015. Veja aqui mais testemunhos de participantes.

Durante estes dez anos, cerca de 300 pessoas já participaram no projeto, no total de 33 viagens. Na Guiné-Bissau, por exemplo, decorreram 12 aventuras, com 103 participantes e um donativo efetivo de mais de 55 mil euros, de acordo com dados do Relatório de Atividades e Contas de 2016.

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“Realizar voluntariado em viagem contribui para um melhor entendimento entre os aventureiros e a comunidade que é ajudada, dando a conhecer diferentes culturas e alavancando, ao mesmo tempo, a economia local. Todos os projetos apoiados contribuem para o desenvolvimento da região em diferentes áreas de atuação: saúde, educação, ambiente, pobreza, sociedade civil, entre outros”, afirma a responsável.

São formas de viajar que estão em foco no Ano do Turismo Sustentável, declarado no início de 2017 pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Como participar

O grupo de viajantes é limitado entre 12 a 14 vagas. Para participar deve preencher um formulário no site ou enviar um e-mail para aventura.solidaria@ami.org.pt.

“O espírito humanitário e aventureiro é fundamental, assim como o desejo de conhecer outras culturas e fazer a diferença na vida de populações com enormes carências”, explica a responsável pelo projeto.

Para este ano, já só existem vagas para a Aventura Solidária no Senegal que se realiza de 24 de novembro a 3 de dezembro.

No entanto, o projeto vai continuar e a AMI pretende lançar um novo destino em breve, de forma a assinalar os 10 anos de Aventura Solidária.