Agatha Christie (1890-1976) fez uma notável carreira, construindo enredos complexos e personagens inesquecíveis, como o detetive Hercule Poirot ou Miss Marple. Mas, a sua vida teve muitos outros capítulos interessantes. Um desses casos foi a viagem à volta do mundo que a escritora fez em 1922, durante 10 meses, acompanhada pelo seu primeiro marido, Archie. O relato dessa viagem pode ser lido na parte VI da sua autobiografia, publicada originalmente em 1977.

O trajeto resumido

A bordo do navio Kildoman Castle, Christie partiu de Inglaterra rumo a sul em direção ao golfo da Biscaia e depois fez escala na ilha da Madeira, a caminho da cidade do Cabo, na África do Sul. Nesse país, Agatha Christie visitou várias cidades e deliciou-se com algumas paisagens naturais, como por exemplo, a das cataratas de Vitória, no atual Zimbabwe. Depois, rumou à Oceânia: Austrália primeiro e Nova Zelândia depois; países que percorreu com algum vagar, conhecendo quer territórios rurais, quer cidades (Melbourne e Sydney, na Austrália; Wellington e Nelson, na Nova Zelândia), quer rurais. Depois, Archie e Agatha rumaram para norte, desembarcando em Honolulu, no arquipélago do Havai. Seguiu-se o Canadá (Winnipeg, Otawa, Montreal) e Nova Iorque, Estados Unidos, a partir de onde, a bordo do Berengaria, fizeram a viagem de regresso ao seu país natal.

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Mais tarde, Christie olhou nostalgicamente para essa grande viagem, para esse quase ano de inteira liberdade com palavras com que nos identificamos grandemente: “Saímos de uma vida para outra. Somos nós, mas ao mesmo tempo uma pessoa diferente. Esta nova pessoa está livre de todas as centenas de teias de aranha e filamentos que nos encerram num casulo de vida doméstica do dia a dia.” Concorda?

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