Nos últimos seis dias andámos a saltar de destino em destino: Mirissa, Hikkaduwa e agora Ahangama. Mirissa foi um bom ponto de partida: um areal extenso, ambiente descontraído e um excelente peixe grelhado, mesmo em cima da praia. Ficámos numa guesthouse chamada Sooriya Sewana, a cerca de cinco minutos a pé da praia. O dono, o Sumeda, era um miúdo novo, muito descontraído e simpático, e o quarto, apesar de um pouco pequenino, ofereceu umas excelentes noites de sono.

Alugada uma mota, começámos a percorrer a costa. Com a prancha de surf encaixada de lado e a minha máquina fotográfica às costas, lá fomos nós: o André à procura do melhor spot de surf para se fazer às ondas e eu à procura das melhores paisagens e ângulos para eternizar estes últimos dias no paraíso.

Passados dois dias decidimos rumar em direção a Hikkaduwa: um dos destinos de praia e surf mais populares do Sri Lanka. Irmos de autocarro estava fora de questão, já que seria impossível transportarmos duas malas e uma prancha de surf dentro de um autocarro atolado de gente. A única opção viável seria o comboio. Despedimo-nos do Sumeda, metemos-nos num tuk-tuk rumo à estação de comboios de Weligama e em pouco tempo estávamos dentro de um comboio em direcção a Hikkaduwa.

Não vou negar: Hikkaduwa desiludiu-me um pouco. Bem, na verdade, não é que tivesse grandes expetativas em relação a Hikkaduwa em particular, mas esperava uma praia com águas (mais ou menos) tranquilas e uma suposta Meca de surf. O que encontrei foi uma terra atravessada pela principal e muito movimentada estrada de acesso a Colombo, chuva todas as tardes, um ambiente muito turístico e comercial e um mar que nem era bom para o surf nem para um mergulho rápido. A época alta está apenas agora a começar, o que faz com que o tempo e a praia ainda não estejam no seu melhor. Até acredito que se tivéssemos chegado daqui a uns meses, a minha opinião fosse outra.

Chegámos sem alojamento marcado. Tínhamos já ideia de alguns sítios interessantes, mas queríamos encontrar um bom alojamento em cima da praia, pelo que optámos por procurar quando chegássemos. Pedimos ao condutor do tuk tuk já em Hikkaduwa que nos deixasse junto ao principal pico de surf. A partir daí iniciaríamos a nossa busca por um sítio onde ficar. O mar estava "meh". Ok. Vamos lá então ver se localizamos os sítios que já tínhamos identificado no dia anterior através do Booking.com. Pedimos uma água e sentámos-nos numa pequena Roti Shop no beco junto à praia. Essa pequena Roti Shop, acabadinha de ser aberta no dia anterior, acabou por se tornar o nosso poiso ao almoço e jantar durante os dias que lá passámos.

Dois rotis depois, dirigimos-nos para a estrada principal. Logo do outro lado da estrada avistámos uma guesthouse com piscina. Infelizmente só tinham um quarto disponível, um cafofo minúsculo virado para um beco. Não dissemos que sim nem que não, mas perguntámos se podíamos deixar ali as malas e a prancha enquanto dávamos uma volta à procura de alternativas. Sem problema.

Os próximos 40 minutos foram passados a entrar e sair de todo o tipo de hotéis e guesthouses. Desde quartos em que o cheiro a humidade e ausência de janelas os tornavam inabitáveis, a hotéis xpto em cima da praia. Estávamos dispostos a gastar um pouco mais nos últimos dias de viagem mas, infelizmente, nada nos enchia as medidas. A cabana perfeita em cima da praia não aparecia e a chuva que teimava em cair e o cansaço começava a toldar-nos o raciocínio e capacidade de decisão.

Voltámos para o local onde tínhamos deixado a bagagem. Desesperados, já só queríamos um sítio para passar a noite. Dissemos que sim ao cafofo, no dia seguinte procuraríamos outro sítio onde ficar nos próximos quatro dias. Entretanto o tipo dessa guesthouse sugere que tentemos a guesthouse do lado, que provavelmente teria quartos para os cinco dias e assim não teríamos de nos mudar novamente. Aceitámos a sugestão. Espreitámos um quarto, acordámos o preço e lá nos mudámos de "armas e bagagens".

Acabámos por ficar apenas duas noites. No dia seguinte ainda fomos até Galle de autocarro (uma cidade muito interessante com bastantes vestígios das ocupações portuguesas, holandesas e britânicas). Mas na manhã do terceiro dia desistimos de Hikkaduwa e decidimos voltar para as praias que já tínhamos percorrido uns dias antes de mota.

Uma busca online trouxe-nos até Ahangama, à Sakara House. Uma casa particular de sonho, com piscina, no meio da selva mas ainda a poucos metros da praia, onde vive uma família ocidental (casal com dois filhos pequenos) que para aqui se mudou há relativamente pouco tempo. Se um dia tiver oportunidade de recuperar uma casa antiga, não há dúvidas que terei esta como modelo! Fiquei mesmo encantada com a disposição da casa e a decoração.

E é aqui que temos estado nos últimos dois dias. O tempo não tem ajudado muito e os momentos de relax na praia não têm acontecido. Mas o André tem conseguido surfar de manhã e eu tenho passado todos os momentos livres a ler, a descansar, e a dar uns mergulhos na piscina sempre que a chuva faz uma pausa.

Amanhã é o último dia aqui pelas praias. Estamos de partida para Colombo onde terminarei esta viagem pelo Sri Lanka. E que viagem incrível foi.

Um dia volto Sri Lanka!

Até já!