Em 2019, antes da pandemia da COVID-19, cerca de 1,5 milhão de milhões de turistas viajaram pelo planeta, gerando US$ 1,5 triliões em lucros, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT).

Mas a pandemia, que paralisou as viagens, e os problemas climáticos tiveram um impacto brutal nos profissionais do setor de turismo. Uma área que é "muito vulnerável às alterações climáticas e fonte de emissões de gases de efeito estufa, uma das causas do aquecimento global", reconheceu a OMT.

De acordo com um estudo da organização, publicado em dezembro de 2019 para a COP25, as emissões de CO2 do setor "devem aumentar no mínimo 25% entre agora e 2030".

"É urgente aumentar a ação climática no turismo", destacou a OMT já naquele ano, estimando que "o custo da inação climática seria, a longo prazo, mais alto que o de qualquer outra crise".

Na feira IFTM Top Resa, que acontece esta semana, as questões, que há alguns anos quase não eram discutidas, agora estão no centro do debate.

"Viajar, algo excepcional"

Segundo um estudo em França do gabinete Protourisme, 44% das pessoas entrevistadas consideravam mudar a sua forma de passar as férias em 2022 devido às preocupações ambientais (+7 pontos em relação a 2021 e +16 pontos em relação a 2019).

Quanto mais jovem é o viajante, mais preocupa-se com estes assuntos. O estudo aponta que 72% das pessoas entre 18-24 anos planeiam mudar estas práticas, contra apenas 34% entre as de 50-64 anos.

"A viagem não vai desaparecer, mas tem que ser mais virtuosa", avalia Eric La Bonnardière, fundador da agência de viagens Evaneos, especializada em viagens sob medida. "Provavelmente as pessoas vão viajar menos no futuro, vão viajar menos de avião e terão que assumir que viajar é algo excepcional", explica.

"Temos uma viajante que foi à Martinica e pediu-nos para organizar uma viagem para ela, onde ela não precisasse de andar carro", recorda, uma exigência que não via há alguns anos.

No entanto, observa, "há uma heterogeneidade na consciencialização (sobre o meio ambiente) dependendo das áreas do mundo". Em alguns lugares onde "a questão número um é sair da pobreza, as questões climáticas vêm depois", diz.