Todos os dias dezenas de milhões de pessoas sofrem na Índia em estradas engarrafadas ou em carruagens de comboio lotadas de passageiros.
Para os moradores das megacidades da Índia, que em breve será o país com mais população do mundo, o aumento populacional não é motivo de alegria.
De acordo com a ONU, a Índia vai superar esta semana a China como o país mais populoso do planeta, devido aos seus 1,43 mil milhões de habitantes.
As previsões indicam que, até 2040, a população urbana do gigante do sul da Ásia vai aumentar em quase 270 milhões de habitantes.
Na realidade diária das grandes cidades, todavia, a superpopulação gera frustração entre os habitantes.
"As estradas estão bloqueadas com carros, então passas horas em engarrafamentos", declarou à AFP Satish Manchanda, proprietário de uma loja de telemóveis em Nova Déli, antes de iniciar o trajeto de regresso a casa.
Satish Manchanda e milhões de indianos passam horas nas deslocações diárias entre as suas casas nos subúrbios das cidades e os respetivos locais de trabalho. Também enfrentam a escassez de água, poluição e bairros lotados.
Quase 70% dos mil milhões de litros de águas residuais gerados diariamente nos centros urbanos acabam sem tratamento, de acordo com um relatório de 2021 do governo indiano.
Nova Déli, onde moram 20 milhões de pessoas, é coberta por uma nuvem de poluição tóxica a cada inverno, um problema que provocou pelo menos 17.500 mortes prematuras em 2019, segundo um estudo publicado na revista médica The Lancet.
As cidades indianas também enfrentam grandes desafios para fornecer eletricidade, habitação, serviços e empregos a todos os moradores.
Sonam Vardan trabalha no setor bancário e lamenta a "competição acirrada" na sua profissão e as lutas intermináveis que acompanham a sua vida diária em Nova Déli.
"A população está a crescer, assim como a concorrência, o que significa muita luta", disse à AFP. Ela citou algumas frentes de batalha: outros candidatos a vagas de emprego, outros pais e motoristas que disputam a mesma parte de recursos limitados.
"Também há uma luta para a matrícula das crianças nas escolas", acrescentou. "As vagas são limitadas, mas há muitas crianças."
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