A Itália, que este fim de semana ultrapassou a barreira simbólica de mil novos casos em 24 horas, lamenta que a ilha, considerada terra "livre de COVID-19" durante a primeira onda de coronavírus, esteja agora no banco dos réus.
No sábado, na região do Lácio, onde se encontra Roma, foi registado o maior número de casos novos (215) em 24 horas, dos quais 45% (97) estavam relacionados com o regresso de pessoas de Sardenha.
No domingo, 35% dos casos na Lácio correspondiam a pessoas que vinham da ilha, destino muito procurado no verão devido às belas praias e casas noturnas.
O jornal Il Corriere della Sera denunciou no sábado o fenómeno "Sardenha": "Os contágios continuam entre os que voltam da ilha", dizia o título.
Preocupado com o desrespeito às regras de prevenção (uso de máscaras e distanciamento social) durante as férias de verão, o governo estabeleceu uma lista negra dos países mais visitados, incluindo Grécia, Espanha, Croácia. Aos provenientes desses lugares é exigido o teste nasal ao entrar em Itália.
No entanto, este fim de semana foi revelado que, mais do que no exterior, novos casos multiplicam-se dentro da Itália.
Na Sardenha, o número de novos casos duplicou no passado fim de semana: 44 no sábado e 81 no domingo, o pior número desde 28 de março (94).
Dos 81 casos, 56 são pessoas que estavam na famosa Costa Esmeralda. A situação preocupa as autoridades, que estimam que entre 250 mil e 280 mil veraneantes devem sair da ilha nos próximos dias com o risco de exportar o vírus para toda a península.
O verão na discoteca "The Billionnaire"
Contágios preocupam turistas, mas também habitantes, sendo que muitos trabalham na famosa Costa Esmeralda, símbolo do turismo de luxo entre Porto Cervo e Porto Rotondo, onde Silvio Berlusconi tem sua luxuosa Villa Certosa que já recebeu Tony Blair e Vladimir Putin.
Só no passado fim de semana é que o governou decidiu "encerrar" a região de belas praias, bares e restaurantes famosos.
“Havia mesmo muita gente, nas praias o distanciamento social não era respeitado, principalmente entre os jovens”, disse à AFP Francesco Mazza, turista romano que desembarcou de uma balsa em Civitavecchia, 70 km ao norte de Roma.
Alertada por infecções na Sardenha, a região do Lácio instalou com urgência nos últimos dias alguns centros para testar turistas com risco de contágio. Estes turistas serão submetidos ao teste dentro dos carros ao chegarem ao continente ou ao sair da ilha.
Dado o grande número de saídas em poucos dias, será difícil testar todos os turistas interessados.
Como a curva de contágio começou a subir em meados de agosto, o governo impôs o uso de máscaras em locais públicos lotados das 18h às 6h locais e encerrou casas noturnas.
O verão na "The Billionaire", casa noturna frequentada por celebridades da Sardenha de propriedade de Flavio Briatore, ex-empresário da equipa Benetton F1 e ex-namorado das modelos Naomi Campbell e Heidi Klum, teve um preço muito alto para muitos clientes.
Depois de férias na Sardenha, o treinador da equipa de futebol de Bolonha, Sinisa Mihajlovic, que está com leucemia desde o ano passado, testou positivo para COVID-19.
O treinador esteve no local, assim como o jogador de futebol Zlatan Ibrahimovic. A conhecida discoteca teve de ser fechada após registar vários casos positivos entre funcionários.
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