O primeiro Museu do Holocausto na Península Ibérica é tutelado por membros da comunidade judaica do Porto cujos pais, avós e familiares foram vítimas do Holocausto. Retrata, segundo a CIP/CJP, "a vida judaica antes do Holocausto, o Nazismo, a expansão nazi na Europa, os Guetos, os refugiados, os campos de Concentração, de Trabalho e de Extermínio, a Solução Final, as Marchas da Morte, a Libertação, a População Judaica no Pós-Guerra, a Fundação do Estado de Israel, vencer ou morrer de fome, Os Justos entre as Nações".
Neste novo Museu os visitantes terão oportunidade de visitar a reprodução dos dormitórios de Auschwitz, assim como uma sala de nomes, um memorial da chama, cinema, sala de conferências, centro de estudos, corredores com a narrativa completa e, à imagem do Museu de Washington, fotografias e ecrãs exibindo filmes reais sobre o antes, o durante e o depois da tragédia.
A inauguração está marcada para dia 20, com uma cerimónia mais reservada e sentimental, liderada por Dias Ben Zion, Presidente da Comunidade Judaica do Porto, e Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto, que contará com a presença dos embaixadores das potências envolvidas na Segunda Guerra Mundial e de Israel, assim como de Karel Fracapane (especialista do programa do Holocausto da UNESCO), do Embaixador Luíz Barreiros (Chefe da Delegação de Portugal à IHRA - Aliança Internacional Memória do Holocausto), de Marta Santos País (Comissária do Projeto Nunca Esquecer - Programa Nacional em torno da Memória do Holocausto), do Bispo do Porto e do Presidente da Comunidade Muçulmana da cidade. O Governo far-se-á representar pelo Secretário de Estado da Cultura.
Antevendo regras legais mais apertadas em termos de saúde pública, a CIP/CJP requereu autorização à Direção Geral de Saúde para a realização deste evento, em ambiente controlado, com um total de trinta pessoas, tendo em conta a relevância política do mesmo e a sua curta duração (50 minutos) num espaço de 500 m2 que possui plano de contingência para o Covid-19.
No dia 27 de janeiro, para celebrar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o Museu será visitado por alunos de escolas da região do Porto. “Importa ensinar o Holocausto em Portugal. Na escola, eu e o meu irmão éramos os únicos judeus. O tema nunca era abordado nem ensinado, e poucos sabiam o que tinha sido o Holocausto”, disse Dara Jeffries, do Conselho Fiscal da CIP/CJP.
Charles Kaufman, Presidente da organização de direitos humanos B'nai B'rith International, sublinha o importante papel do novo Museu: “Este impressionante Museu do Holocausto é um testemunho da herança e resiliência judaicas. Que ele sirva de farol para Portugal e para o resto da Europa”. O curador do Museu do Holocausto do Porto, o museólogo Hugo Vaz, afirma que "são esperados cerca de 10 mil alunos por ano, o mesmo número que, antes da pandemia, costumava visitar a Sinagoga."
O Museu do Holocausto do Porto investe no ensino, na formação profissional de educadores, bem como na promoção de exposições, encorajando e apoiando a investigação. Através do Museu, o membro da comunidade Jonathan Lackman deseja seguir, no Porto, o papel que os avós tiveram nos EUA para a preservação da memória do Holocausto: “O meu avô fugiu de Treblinka e a minha avó foi resgatada com tifo do campo de Bergen-Belsen, no norte da Alemanha, onde faleceu Anne Frank. Contarei sempre a história deles.”
Em 2013, a Comunidade Judaica do Porto partilhou com o Museu do Holocausto de Washington todos os seus arquivos referentes a refugiados que passaram pela cidade portuense. Estes arquivos, agora regressados à cidade Invicta, incluem documentos oficiais, testemunhos, cartas e centenas de fichas individuais, que serão expostos no museu.
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