Imagem: David Machado / CC BY-SA 3.0

O presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, estima que para recuperar a ponte, que necessita de intervenção “em todos os seus elementos”, serão precisos “milhões de euros” que o município não tem.

Lamenta, por outro lado, que a autarquia não tivesse conhecimento de uma primeira inspeção, feita antes da ponte lhe ser entregue pela Estradas de Portugal em 1996, que já indicava vários problemas, que as intempéries vieram agravar.

Uma segunda inspeção, mandada fazer já pela Câmara, em 2010, levou ao encerramento do trânsito, antes de ocorrer o desabamento devido aos caudais em novembro de 2011, mas “um erro de análise” do respetivo relatório não fazia antever o desfecho.

Jorge Almeida recusa a sugestão de ser colocada uma plataforma, pelo menos para a passagem apenas para velocípedes e peões.

“Estamos a dizer que não por uma razão muito simples: o pilar mais instável que ainda está de pé foi precisamente o que causou a queda da ponte”, justificou.

A ser reabilitada, a ponte terá de ser reforçada em todos os seus elementos, caso contrário terá como destino a demolição, segundo o autarca.

O presidente da Câmara afirma que já abordou o assunto com várias entidades, durante a vigência de diferentes governos, mas até agora não foi possível obter financiamento para “salvar” a histórica ponte.

“Apesar da sua importância histórica e patrimonial, aquela ponte tem uma lacuna fundamental que é o facto de nunca ter tido um processo de classificação”, lamenta Jorge Almeida.

“Nunca foi classificada e, portanto, ela não é um imóvel de interesse cultural, não é considerada património cultural público e por aí não conseguimos financiamentos”, diz.

O autarca revela que já tentou essa via, mas a classificação depois do desmoronamento é difícil de defender.

“Já tentámos de várias maneiras e vamos continuar a tentar, mas também do ponto de vista da funcionalidade, em todas as candidaturas que fazemos, aparece sistematicamente na avaliação socioeconómica que existe uma ponte funcional a 200 metros”, explica.

Na esperança de haver “um fundo qualquer” que possa apoiar a reabilitação da ponte do Vouga, a Câmara de Águeda vai fazendo a limpeza da vegetação que cresce em redor dos elementos construtivos, para evitar que os danos se tornem irreparáveis.

A travessia foi mandada construir pelo rei D. João III.