De comida para cães, gin, cosméticos ou remédios a fertilizantes ou utensílios para fumar, mais de 150 stands expõem produtos na oitava edição da feira de três dias que começou na passada sexta-feira.

A indústria da cannabis no Uruguai "cresce de forma exponencial", assegura à AFP Mercedes Ponce de León, fundadora e organizadora do evento, que acrescenta que este ano "mais de 30% dos stands são estrangeiros", com empresas do Brasil, África do Sul ou Canadá, entre outras.

Tanto as empresas quanto os turistas são atraídos pela estrutura regulatória amigável com um produto que ainda é ilegal em muitas partes do mundo.

"O respeito pela liberdade no Uruguai é maravilhoso", comenta Zvezda Lauric, representante da Juicy Fields no stand desta empresa alemã que trabalha com quintas de cannabis com fins medicinais.

"Espero que também tenhamos a oportunidade de nos estabelecermos aqui".

O sentimento é partilhado por Joel Pavini, outro turista brasileiro que afirma ter vindo ao Uruguai "à procura da liberdade" que o país oferece. "Quero emigrar para cá para trabalhar com cannabis", diz na Expo.

O Uruguai tornou-se em 2013 no primeiro país do mundo a legalizar a produção, distribuição e consumo de cannabis.

De gin a cosméticos com cannabis: bem-vindos à ExpoCannabis
Two youths observe different varieties of cannabis plants displayed during the 8th international edition of Expo Cannabis, a hemp and cannabis industry exhibition, in Montevideo on December 3, 2021. (Photo by Pablo PORCIUNCULA / AFP) créditos: AFP or licensors

Desde então, o país concedeu 151 licenças de cultivo, das quais a grande maioria (mais de 80%) são para plantações de cânhamo, segundo números da agência de promoção de investimentos público-privada Uruguay XXI. O resto é para plantações de cannabis psicoativas ou medicinais.

Além disso, são 17 licenças para industrialização e sete para investigação, abrangendo 164 empresas dedicadas ao setor.

Quanto à cannabis, pode obtê-la de três formas: cultivando em casa para consumo pessoal, num clube ou numa farmácia.

Em todos os casos, é necessário estar registado e, por enquanto, a compra não é permitida aos turistas, embora o governo de Luis Lacalle Pou tenha avisado que a ideia está a ser avaliada para 2023.

A venda em farmácias, habilitada desde 2017, é nominativa e limitada a 40 gramas mensais por pessoa.

Existem atualmente cinco empresas autorizadas a produzir e a distribuir cannabis para 46.375 pessoas que estão registadas para comprar.

Também existem 12.902 produtores domésticos e 213 clubes com 6.452 associados, de acordo com os últimos dados do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (Ircca) atualizados para novembro.

O Uruguai realizou a primeira exportação de cannabis em 2019 e, em 2020, registou vendas que ultrapassaram os 7,5 milhões de dólares, com cerca de 10 toneladas de flores vendidas, segundo dados do Uruguay XXI.

Embora muitos países tenham descriminalizado o uso e o porte de cannabis, isentando os consumidores das sentenças de prisão, menos países oferecem uma estrutura legal para o cultivo e consumo.

Até ao momento, apenas o Uruguai e o Canadá têm regulamentações a nível nacional que cobrem o uso medicinal e recreativo.

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