A estátua de David, obra-prima de Michelangelo considerada por muitos o ideal de beleza masculina, passou por uma sessão de limpeza esta segunda-feira (19), para remover a poeira acumulada no mármore.

A cada dois meses, a obra, concluída por Michelangelo quando o artista tinha 29 anos, em 1504, recebe cuidados especiais na Galeria da Academia de Belas-Artes de Florença, no centro da Itália.

A escultura mede mais de quatro metros e foi feita a partir de um único bloco de mármore. A sua restauradora pessoal, Eleonora Pucci, sobe a um andaime e a observa de perto, um ritual necessário para conservar esta joia do Renascimento, admirada no ano passado por mais de 2 milhões de visitantes.

A limpeza de David "é uma forma de respeito, de dignidade, que queremos dar a cada obra de arte", declarou a diretora do museu, Cecilie Hollberg.

Trabalho delicado

Protegida por um capacete, Eleonora Pucci sobe à parte mais alta do andaime e começa a registar com fotografias "o estado de saúde" de David. Depois, com um aspirador preso às costas, começa a remover o pó do colosso de mármore. Com movimentos cuidadosos, passa uma escova sintética de cerdas macias sobre o braço esquerdo de David.

De seguida, Eleonora concentra-se na coxa esquerda da estátua, onde o seu pincel delicado acompanha as marcas dos músculos esculpidas por Michelangelo, antes de começar a trabalhar na parte das costas.

“É um trabalho muito delicado, que requer concentração e uma inspeção minuciosa, centímetro a centímetro, para controlar o estado de conservação da obra, que é muito bom", descreve Cecilie Hollberg.

A acumulação de pó pode afetar o brilho do mármore e torná-lo mais acinzentado e opaco. As partes lisas são mais fáceis de limpar, mas os filtros extremamente avançados do sistema de climatização do museu reduziram as partículas que flutuam no ar, e sensores ajudam a controlar os níveis de temperatura e umidade, explicou a diretora.