O guarda florestal Thierry Petit, no sul da Bélgica, não consegue mais atender todos os pedidos que recebe para se livrar dos guaxinins, uma espécie invasora que já é considerada uma ameaça à biodiversidade local.

"Já não conseguimos responder a todos os pedidos", disse Petit à AFP em um parque florestal de Tenneville, na região belga da Valónia.

A bióloga belga Vinciane Schockert disse à AFP que uma parte da população desses animais vem da Alemanha, onde a espécie foi introduzida por volta dos anos 1930 para a produção de peles.

Atualmente, porém, os guardas florestais são chamados constantemente para atuar, já que os guaxinins destroem jardins em áreas urbanas e até entram em casas à procura de comida.

"A partir de 2005, vimos um aumento nas pegadas ao longo dos canais de água e tornou-se mais comum ver guaxinins vítimas de atropelamentos nas rodovias, um indicador de que a população está a crescer", disse Schockert.

A especialista conduz uma pesquisa para medir o impacto do aumento da população desse animal sobre espécies sensíveis, como aves que fazem ninhos às margens dos cursos de água.

Diante de tal proliferação, as autoridades da região anunciaram que estão a preparar um plano de ação.

"É um animal que tem uma cara simpática. Mas as espécies exóticas invasoras (...) são uma das cinco principais causas de degradação da biodiversidade em escala mundial", disse a ministra valónica do Meio Ambiente, Célie Tellier, durante uma entrevista à AFP na cidade de Namur.

Evitar a propagação

Trata-se de "sensibilizar a população com ações simples: evitar alimentar os guaxinins, proteger as entradas das casas à noite e uma série de medidas para não agravar a situação", apontou.

Na atualidade, disse Tellier, "a espécie está tão espalhada pelo nosso território que devemos aprender a conviver com ela, mas, ao mesmo tempo, aprender a controlá-la nos locais onde ocorrem mais problemas e evitar sua propagação".

Simon Taviet
Simon Taviet, caçador créditos: AFP

Simon Taviet, um caçador na região de Ciney, monta regularmente uma armadilha para guaxinins.

Nessa manhã, quando realizou uma ronda, um desses animais estava preso na jaula. O jovem de 18 anos, armado com um rifle, disparou contra o animal.

"Limitamos a sua presença por causa das doenças que podem transmitir, e os danos que podem causar às plantações", disse Taviet, que foi mordido num dedo por um deles, que atacou o seu cão durante uma caçada.

Para Benoît Petit, presidente da principal associação belga de caçadores, "é o momento de a região valónica organizar um serviço de captura de guaxinins". A ideia, acrescentou, é "limitar a explosão demográfica e a expansão geográfica" da espécie.