Por: Ángel Alonso| angalonso@uvigo.es

A importância na Igreja Católica e a situação de Braga determinam a existência de vias de comunicação, caminhos e outras ligações a Santiago, ou mesmo peregrinações próprias.

Braga é uma das três arquidioceses de Portugal (Lisboa, Évora e Braga) a que pertencem as dioceses de: Coimbra, Aveiro, Viseu, Lamego, Porto, Villareal, Braga, Bragança-Miranda e Viana do Castelo, todas ligadas de uma maneira ou de outra aos caminhos jacobeus.

O Caminho Central Português liga Lisboa, Coimbra, Porto e Valença. No Porto, pode optar-se pelo Caminho da Costa ou seguir por uma variante por Famalicão até Braga, uma cidade central na rede de caminhos de Santiago em Portugal.

Ao longo da costa: uma vez no Porto, a primeira paragem é Vila do Conde, podendo optar-se por encurtar o caminho, partindo desde Esposende ou Viana do Castelo.

Outra possibilidade é a ligação mais direta de Braga a Santiago.  Braga está na origem de dois caminhos jacobeus (Geira e Arrieiros e Minhoto-Ribeiro), certificados pela Arquidiocese de Santiago para a obtenção da Compostela, documento eclesiástico comprovativo da realização do Caminho.

Em Braga não é difícil ficar. Há um albergue para peregrinos perto da Catedral e uma gande variedade de hotéis e hostéis baratos. Saindo de Braga, pelo Caminho de Torres, a primeira paragem com albergue é Goães (20 km) ou Ponte de Lima (17,5 km), ponto de encontro com os peregrinos que chegam pelo Caminho Central, vindos do sul.

Ter um caminho é hoje uma prioridade 

A proximidade do ponto de partida (Braga) ao aeroporto do Porto é uma vantagem.

O caminho assume uma grande concentração, num percurso relativamente curto, de singularidade no património histórico, na paisagem, na sua riqueza térmica, bem como no seu ambiente orográfico e de conservação. Estas condições transportam-nos e aproximam-no da ideia de como era aquele passado histórico, desde o tempo das romarias, dado o seu trajeto por núcleos e freguesias despovoados.

Só a partida, Braga, e o destino, Santiago, podem ser consideradas cidades de média dimensão. Por isso, oferece uma grande oportunidade para um turismo sustentável que contribui para o setor económico-social.

Importância global e local

A actividade gerada pela rede de caminhos de Santiago tem importância social e económica tanto a nível global como local.

O Caminho de Santiago é um conjunto completo que permite, desde um local, fazer uma oferta muito competitiva a nível global. É necessário manter um mínimo de qualidade, preço, segurança e oferta (especialmente cultural-religiosa, o que engrandece a sua unidade como oferta cultural).

A partir daí é possível diversificar e completar, sempre sem afetar o elemento central social, cultural e religioso, que une e identifica o Caminho.

“A criação de novos negócios e a fixação de pessoas,  a repovoação do meio rural ou, pelo menos, a que não continue o abandono, evitando-se que as aldeias caiam no esquencimento“, são elementos óbvios desse processo.

Numerosos são os reconhecimentos os vários caminhos que também são hoje itinerários culturais. Há mesmo distinções de elementos patrimoniais e naturais em diferentes pontos do percurso ou percursos. Estes reconhecimentos são bastante importantes.

O Caminho Francês foi declarado o primeiro itinerário cultural na Europa em 1987. Em 1993 recebeu o título de Património Mundial. Em 1998 o património mundial completou-se com a pluralidade de caminhos na França. Em 2004, o grande itinerário cultural foi Prémio Príncipe das Astúrias. Em 2015, o título de Património da Humanidade completou esta pluralidade: Caminho Costeiro, Caminho Primitivo, Caminho Interior do País Basco e Caminho de Rioja e Liérbana.

Falta que a União Europeia olhe para Portugal no contexto do movimento jacobeu.

Ángel Alonso é Investigador da Universidade de Vigo