A Casa do Castelo de Sistelo é um centro interpretativo da paisagem cultural que está classificada como Monumento Nacional, mas o próprio edifício marca, de forma inusitada, a paisagem do Lugar da Igreja. Regista igualmente o legado de ‘o brasileiro’, emigrante regressado do Brasil na viragem do século XIX para o século XX.
Inusitado, altivo (correspondente ao ‘orgulho’ de quem o mandou edificar) e, se foi mandado construir para ‘dar nas vistas’, consegue o resultado de oferecer uma vista magnifica da varanda.
O castelo de Sistelo é de paragem obrigatória, em particular para quem gosta de contemplar um largo horizonte.
Uma encosta de socalcos dominada pelo verde da quinta agrícola encaminha o nosso olhar para o topo onde deparamos com uma fachada, grande, em pedra, de estilo neogótico e flanqueada por duas torres no piso superior. Parece um castelo.
Foi construída em 1883, há 140 anos, por Manuel Gonçalves Roque.
“Emigrou jovem para o Brasil. Quando regressou, em função da fortuna que trazia, o rei concedeu-lhe o título de Visconde.
Ele investiu na sua terra natal, onde havia pouco e o que mandou construir, em termos ornamentais, é impactante. O cruzeiro à entrada, a fonte pública, o jazigo e a casa acastelada são alguns dos monumentos que o visconde mandou construir.
Com a ideia de engrandecer o título e a intenção de dar uma evolução à aldeia. As pessoas podiam ter acesso próximo a água potável e um lugar para conviverem nos domingos à tarde.”
A casa abrasonada e senhorial está inserida no pequeno núcleo urbano de Lugar da Igreja, uma das aldeias da freguesia de Sistelo, concelho de Arcos de Valdevez.
Foi no piso intermédio que falei com Bruno Marques que recebe os visitantes no Centro Interpretativo da Casa do Castelo de Sistelo,
“A casa seria para habitação do visconde. Na origem o piso térreo era para as cortes dos animais, para aquecer o resto da casa.
O piso intermédio eram as divisões da área residencial.
O sótão e as torres eram o sinal de grandeza. Assemelham-se a um castelo.”
Na verdade, o visconde não teve grande usufruto da casa porque morreu pouco depois da sua construção. Faleceu em 1885 e a casa foi construída em 1883.
Também não deixou descendentes. Durante aproximadamente um século o edifício esteve devoluto e no passado recente foi recuperado pela Junta de Freguesia de Sistelo.
“A partir de 2016, quando Sistelo passou a ser um destino turístico, pensou-se aproveitar o edifício, dá-lo a conhecer às pessoas.”
Foi criado o Centro de Interpretação da Paisagem, “um espaço onde as pessoas podem recolher informação mais especifica da aldeia e usufruir do que temos para oferecer.
No edifício existem ainda um restaurante, snack bar e esplanada
Bruno Marques recebe os visitantes no piso intermédio que concentra o espaço expositivo do centro de interpretação da paisagem de Sistelo.
Vemos muitas fotografias das encostas da serra em socalcos, das brandas e do casario. Material multimédia ajuda-nos a compreender a dimensão e as características da intervenção humana, essencialmente a partir da introdução do cultivo do milho no seculo XVI.
Há também espaços para exposições temporárias, por exemplo, para artistas plásticos da região.
Imperdível é ir à varanda e contemplar a aldeia e o longo vale atravessado pelo rio Vez.
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