As regiões Centro de Portugal, Porto e Norte de Portugal e a espanhola Castela e Leão têm um grande potencial de promoção conjunta e, segundo os seus dirigentes, devem ser promovidas como um único destino em vários assuntos. Esta foi uma das conclusões a tirar da apresentação da iniciativa "Atravessando a Raia: Sabores da Fronteira", que juntou responsáveis das três regiões em Miranda do Douro, na fronteira com Castela e Leão.

A partir desta semana e até 9 de dezembro, 40 restaurantes selecionados das regiões Centro e Norte de Portugal (nos distritos da Guarda e de Bragança) e das províncias espanholas de Salamanca e Zamora, convidam os visitantes a provar menus elaborados com receitas antigas dos territórios da fronteira, acompanhados de vinhos de diferentes denominações de origem dos respetivos territórios: Arribes, Douro, Beira Interior e Trás-os-Montes.

Entre os restaurantes fronteiriços portugueses participantes estão os de Figueira de Castelo Rodrigo, Escalhão, Almeida e Vilar Formoso, habituados a receber diariamente turistas espanhóis que atravessam a fronteira para degustar as suas receitas.

Este ano, a organização desta iniciativa foi coordenada pela Junta de Castela e Leão, sendo que no próximo ano será da responsabilidade do Porto e Norte de Portugal e em 2026 do Centro de Portugal.

Sílvia Ribau, diretora do Núcleo de Estruturação, Planeamento e Promoção Turística da Turismo Centro de Portugal, considerou, durante a apresentação, que "as parcerias transfronteiriças são essenciais no desenvolvimento do turismo no Centro de Portugal, uma região rica em património natural, cultural, histórico e gastronómico".

“A realização das Jornadas Gastronómicas da Raia nesta altura do ano é de grande importância para atrair visitantes através de atividades culturais e gastronómicas, uma vez que permite posicionar estas regiões como um destino de excelência no turismo de experiências. Desta forma, promovemos um desenvolvimento sustentável do turismo na fronteira”, destacou Sílvia Ribau.

O diretor-geral de Turismo de Castela e Leão, também presente em Miranda do Douro, explicou que “a singularidade” é cada vez mais procurada pelos turistas e, neste caso, “a gastronomia da raia” é muito peculiar. “Os vinhos do Douro, a ternera de Aliste, um bom bacalhau...” fazem deste território um lugar único para experiências turísticas gastronómicas, afirmou Ángel González, acrescentando que Portugal tem uma região vinícola como o Douro Vinhateiro, considerada Património da Humanidade, enquanto em Castela e Leão as nove rotas do vinho da Ribera del Duero atraíram mais de 600.000 turistas no último ano.

O diretor de Turismo de Castela e Leão destacou ainda a relevância da bacia do Douro hispano-lusa, onde se encontra a maior concentração de gravuras rupestres ao ar livre do mundo, tanto no vale de Siega Verde (Salamanca) como na zona portuguesa do Côa, do outro lado da fronteira, ambas reconhecidas como Património Mundial pela UNESCO. “A singularidade do património de Siega Verde – com cerca de 450 gravuras paleolíticas em rochas – torna-o num recurso primordial que vamos valorizar turisticamente”, adiantou Ángel González, mencionando que este enclave fronteiriço de Salamanca receberá um investimento de 3,7 milhões de euros. O local será musealizado, adaptado às mudanças climáticas e contará com um centro inovador de experiências turísticas em Siega Verde, com intervenções previstas até 2026.